[Resenha] O Ar que ele Respira - Brittainy C. Cherry

O ar que ele respira
Elementos #1
Autora: Brittainy C. Cherry
Editora Record
Skoob

Sinopse: Como superar a dor de uma perda irreparável? Elizabeth está tentando seguir em frente. Depois da morte do marido e de ter passado um ano na casa da mãe, ela decide voltar a seu antigo lar e enfrentar as lembranças de seu casamento feliz com Steven. Porém, ao retornar à pequena Meadows Creek, ela se depara com um novo vizinho, Tristan Cole. Grosseiro, solitário, o olhar sempre agressivo e triste, ele parece fugir do passado. Mas Elizabeth logo descobre que, por trás do ser intratável, há um homem devastado pela morte das pessoas que mais amava. Elizabeth tenta se aproximar dele, mas Tristan tenta de todas as formas impedir que ela entre em sua vida. Em seu coração despedaçado parece não haver espaço para um novo começo. Ou talvez sim.

Quando vi que a Editora Record iria lançar "O Ar que ele respira" fiquei empolgada pra caramba, tendo lido há algum tempo Sr, Daniels eu tinha quase certeza que eu iria gostar da leitura deste, já que ambos são da mesma autora. Porém, demorei um pouco para conseguir colocá-lo na fila, além de esperar por um momento propício para ler. Quando terminei "Talvez um Dia" ainda esta em uma vibe bem leve então resolvi que não faria mal continuar deixando os de parceria de lado para ler mais um romance New adult que fosse leve e gostoso de ler. Ledo engano.

A narrativa se inicia mostrando o antes da vida de Tristan Cole o filho, a esposa e os sonhos que ele acaba perdendo devido a uma terrível tragédia. Logo em seguida conhecemos Elizabeth, que assim como Tristan perdeu alguém muito importante na vida. Ambos fugiram desse passado e passaram a lidar com sua dor de formas bem diferentes. Um ano depois Liz e Tristan se encontram e a necessidade de relembrar o passado vai os unir, mas talvez isso não seja o suficiente.

"A pior parte de perder uma pessoa amada ,é que você também se perde"

Logo no início da leitura eu não sabia bem o que pensar, mas isso foi durante o prologo e a duas ou três páginas que se seguiam. No momento em que os personagens se encontram a coisa desanda de uma forma que eu não conseguia compreender. O principio do livro é forçado, os personagens não se encaixam. Faye a melhor amiga de Liz me soou tão forçada, tão vulgar que cheguei a sentir nojo desta personagem em um primeiro momento. Contudo, talvez a autora tenha caído na real ou ao menos pegado o ritmo da história, pois ela melhora muito depois de um tempo. O relacionamento dos protagonistas não me convenceu muito, principalmente pela forma como se inicia, mas também melhora com o decorrer da leitura.

O problema é que no início Tristan é um homem amargurado, triste e raivoso e desde o momento em que conhece Elizabeth ele não faz questão alguma de ser gentil, educado ou pelo menos indiferente. Ele é bruto, mesmo quando mostra seu lado destruído e eu não conseguia compreender o que levou Liz a tentar quebrar essa casca. Até compreendo que ambos se ligam devido a dor que carregam, mas ainda assim não senti empatia com o início desse relacionamento. Além disso, as coisas começam a mudar de uma hora para outra. De repente o raivoso e triste Tristan Cole se torna um homem gentil e apaixonado. 

"Nenhuma alma gêmea deixa esse mundo sozinha. Ela sempre leva consigo um pedaço de sua outra metade."

Apesar de a autora dar voz a ambos os personagens senti que a narrativa ficou muito deficiente, seu desenvolvimento rápido deixa muita coisa de fora. A questão da mudança de Tristan poderia ter sido abordada de forma mais profunda, bem como as dúvidas e medos de Liz. No entanto a autora parece não ter se preocupado em dar motivos, as coisas apenas aconteciam. Mesmo enquanto a história vai ganhando forma os acontecimentos pareciam voar, sem profundidade, uma linha temporal rápida demais para tanta dor.

Felizmente em meio a tantas coisas que me desagradaram eu ainda consegui retirar algo de bom deste livro. Compreendi que a dor nem sempre é a mesma e que as pessoas tem formas diferentes de enfrentar o que as destroça. No caso de Liz ela enfrenta a dor tentando seguir em frente e ser o melhor para sua pequena filha, ser o que sua própria mãe não conseguiu ser para ela quando seu pai morreu, já Tristan não suporta sua própria dor e cai em uma descendente depressiva que o transforma em uma pessoa completamente diferente do que era antes. Isso me chamou muito atenção e creio que é um dos pontos altos do livro, que apesar de tudo ainda assim traz algo em que pensar.

"[...] Nós dois éramos vazios. Nós dois estávamos procurando algo mais. Algo melhor. Nós dois queríamos juntar os pedaços destruídos de nossos passados. Então, talvez pudéssemos, finalmente, lembrar de como respirar. [...] " 

Enfim, O Ar que ele respira não é o tipo de livro que me atrai, não quando eu passo algumas boas partes revirando os olhos com certas situações, mas não é de todo ruim, só um pouco forçado. Não posso dizer que não me fez rir ou suspirar, apenas que faltou muita coisa para ser um livro bom, no fim ele é apenas passável. Um livro para se ler sem pretensões, durante uma ressaca ou quando procura algo leve, no mais não faz muito diferença. Indico sim, mas não é todo leitor que não vai querer tacar o livro pela janela!