Nas duas últimas semanas acompanhei algumas postagens de amigos blogueiros sobre parcerias e notei que as opiniões são bem diversas. Alguns acreditam que nós blogueiros deveríamos nos valorizar e cobrar mais das editoras, outros estão felizes com o sistema ao qual estamos sujeitos no momento. Portanto, achei que não faria mal algum dar minha própria opinião, que por sinal parece em cima do muro. Como blogueira há 7 anos já acompanhei muita coisa por aqui, algumas opiniões interessantes e outras nem tanto, algumas ideias estapafúrdias e outras que poderiam dar super certo. Enfim, como vivemos em um país com liberdade de expressão (será?), vou comentar um pouco do que eu acho. Espero conseguir ser clara quanto a minha opinião, porém talvez isso seja só mais um monte de blablabla.
Para dar início a esse post não posso deixar de citar o verdadeiro estopim para esse assunto vir a tona novamente. Uma determinada editora, não vamos citar nomes (acho que todo mundo já sabe qual é) anunciou recentemente o resultado de parcerias, contudo eu não cheguei a ver nenhuma lista e soube de poucos colegas blogueiros que passaram. Até aí tudo bem, eles tem o direito de escolherem muitos ou poucos e eu não tenho nada a ver com isso, mesmo porque não me sujeitei a política de parceria deles. O problema ocorreu realmente quando a referida editora anunciou ter 3 vagas remanescentes e que para concorrer ao processo jogos vorazes os blogueiros deveriam fazer uma campanha maciça de marketing com as publicações da editora. E olha... eu me surpreendi ao descobrir que ainda existem blogs que se sujeitam a isso.
Obviamente que se você resolveu participar disso o problema é apenas seu e de mais ninguém. Mas aí entra um dos assuntos mais discutidos nas últimas semanas: a valorização do blogueiro por si mesmo. A meu ver essa proposta da editora chega a ser abusiva. Não, não estou exagerando, falamos tanto de relacionamento abusivo ultimamente então porque não encaixá-lo em uma situação a qual vivenciamos quase diariamente? Para mim, usar o desejo de uma pessoa em benefício próprio é sim abusivo e é isso que esta editora está fazendo. Então sim, concordo plenamente que é necessário que o blogueiro se valorize, que deixe de se sujeitar a processos seletivos que não dão o devido valor a seu tempo, sua criatividade e sua dedicação.
Entendo perfeitamente que Editoras são empresas e que buscam a forma mais efetiva e barata de divulgar suas publicações. Mas também acredito em bom senso e acho que isso falta tanto para alguns blogueiros que se sujeitam a esses processos seletivos quanto para editoras que os propõem. Nesse quesito eu sou a primeira a berrar que "Simm!!! Precisamos nos valorizar". Não dá para continuar sendo feito de gato e sapato. Mas sabe o primeiro passo para essa mudança? É você mesmo.
Há alguns anos atrás, principalmente no começo da minha vida literária na blogosfera eu me inscrevia em toda e qualquer seleção de parceria. Até que descobri que não preciso disso. Não dá para negar que receber livros em casa é maravilhoso, mas vai por mim seu conteúdo vai ser bem mais efetivo quando você não tiver obrigações. Eu ainda as tenho como vocês podem ver na barra lateral do blog, mas as parcerias que estão aí foram escolhas baseadas em respeito e aceitação. Não me sujeito mais a qualquer parceria ou desrespeito, e isso tem muito na blogosfera.
Mudando um pouco o foco, vamos falar de outra forma de valorização. Espero que se recordem da campanha encabeçada por booktubers que aconteceu recentemente. Esta campanha visava a valorização de blogueiros e booktubers. Pregava que todos deveriam boicotar o sistema atual de parcerias visando lucro e não apenas o recebimento de livros mensalmente. Também falaram muito sobre prazos e sobre como as editoras deveriam trabalhar seu marketing. Não os condeno, até concordo em muitos pontos. Porém, sou daquelas que esta feliz com o sistema atual, desde que haja respeito.
Como já disse zilhões de vezes o LiteRata é um hobbie, um ponto de escape, um lugar em que compartilho minhas opiniões e que me divirto falando sobre livros. Não tenho tempo algum para criar campanhas de marketing, para divulgar massivamente publicações editoriais e para fazer além do que faço hoje. Então, nem em sonho eu poderia cobrar das editoras algo que não posso retribuir. É isso que penso sempre que me falam sobre valorização do nosso "trabalho". O ponto é que para mim o blog não é um trabalho, melhor dizendo, o LiteRata é algo que eu prezo e valorizo muito, ao qual me dedico sempre que posso, mas apesar disso não posso encará-lo de forma mais profissional. Palmas e parabéns para quem pode, mas se eu aderir essa campanha provavelmente vou acabar me frustrando e estou muito bem obrigada do jeito que estou.
Concluindo, creio que cada um sabe até onde quer chegar e esse ponto é essencial para dar continuidade a um blog ou canal. Porém, é necessário bom senso, não dá para se sujeitar a processos seletivos abusivos. Antes de mais nada reflita sobre o que é essencial para você, se valorize e não se sujeite, imponha respeito, pois isso é o mínimo que merecemos. Pense bem no que você quer, se está feliz com o atual sistema de parceria ou se gostaria que seu blog fosse algo profissional e trabalhe o melhor possível para isso, sem se sujeitar. Lembre-se editoras são empresas e sempre vão existir uma outra que não te valoriza, faça um livro negro e coloque-as lá, para lembrar que você merece mais e elas não são capazes de te valorizar. No mais, se tudo isso não foi capaz de colocar uma luz em sua cabeça, sinto muito, eu tenho vergonha de você.