quinta-feira, março 02, 2017

[Resenha] O Homem de São Petersburgo - Ken Follett

O Homem de São Petersburgo
Autor: Ken Follett
Editora Arqueiro
336 Páginas
Skoob


Sinopse: A história pode estar prestes a mudar. 1914: a Alemanha se prepara para a guerra e os Aliados começam a construir suas defesas. Ambos os lados precisam da Rússia, que enfrenta graves problemas internos e vive na iminência de uma revolução. Na Inglaterra, Winston Churchill arquiteta uma negociação secreta com o príncipe Aleksei Orlov, visando a um acordo com os russos. No entanto, o anarquista Feliks Kschessinsky, um homem sem nada a perder, está disposto a tudo para impedir que seu país envie milhões de rapazes para os campos de batalha de uma guerra que nem sequer compreendem. Para isso, ele se infiltra na Inglaterra com a intenção de assassinar o príncipe e, assim, frustrar a aliança entre russos e britânicos.
Um mestre da manipulação, Feliks tem várias armas a seu dispor, mas precisa enfrentar toda a força policial inglesa, um brilhante e influente lorde e o próprio Winston Churchill. Esse poderio reunido conseguiria aniquilar qualquer homem no mundo – mas será capaz de deter o homem de São Petersburgo?
Depois de muito ler Ken Follett eu ainda me surpreendo com a capacidade que esse autor tem de me surpreender, a cada novo livro eu o acho mais e mais magnífico, um gênio. Com O Homem de São Petersburgo não poderia ser diferente, porém acredite, esta leitura foi ainda mais sensacional do que alguns outros livros do autor que li. Até o momento não julgava que livros únicos eram o forte do autor, apesar dele ter uma tremenda capacidade de escrita sempre me envolvo muito mais quando ele escreve séries. Então, as expectativas com este novo livro não estavam muito altas, o que ajudou a me surpreender ainda mais.

É o ano de 1914 a uma guerra que não pode ser evitada está prestes a estourar, Alemanha e França são os grandes rivais e a Inglaterra se vê obrigada a defender seus amigos franceses, mas para que a derrota não seja a única alternativa é necessário uma aliança com a Russia. Caso isso ocorra os Alemães precisaram lutar em duas frentes dando assim mais liberdade de movimentação para os países do grupo denominado "aliados". Para que as negociações corram da melhor forma possível o politicamente tradicional conde de Walden, firma uma parceria com Winston Churchill e o partido liberal. Sua missão é convencer o sobrinho e príncipe Russo Aleksei Orlov e a nação Russa a ficar do lado dos franceses e Ingleses. 
"Se a Inglaterra e a França juntas não são capazes de derrotar a Alemanha, então precisamos ter outro aliado, um terceiro país do nosso lado: a Rússia. Se a Alemanha estiver dividida, lutando em duas frentes, poderemos vencer. É claro que o Exército russo é incompetente e corrupto, como tudo o mais naquele país, mas isso não tem importância, desde que desvie as atenções de uma parte do poderio alemão."
Contudo um grupo anarquista radical fica sabendo das negociações e um homem chamado Feliks Kschessinsky é enviado a Inglaterra para assassinar o príncipe e evitar que seu país entre no que será a primeira grande Guerra. Feliks é um assassino brutal que não tem nada a perder e nem medo de qualquer coisa que seja, porém ele está contra pessoas dispostas a tudo para evitar a derrota, seus inimigos juntos seriam capazes de aniquilar qualquer um que tente atrapalhar os planos.

A trama criada por Follett em O Homem de São Petersburgo já se mostra por si só intensa e repleta de intrigas políticas, e isto costuma me atrair para as obras do autor. Mas o que eu não contava é que a narrativa traria uma gama de discussões inesperadas. Ken Follett tem talento para expor assuntos como sufragismo, inocência, anarquismo entre outros sem perder a fluidez da narrativa. A diversidade de pontos tratado na trama não impede o desenvolvimento da história, tudo ocorre conforme a narrativa vai ganhando consistência.

Dentre todos os personagens importantes tanto historicamente como ficcionalmente, vale ressaltar o papel de Charlotte. Filha de Walden e de Lydia, uma mulher Russa. Ela foi criada na ignorância, mas aos dezoito anos o fato dos pais terem a protegido do mundo real começa a se voltar contra eles, sentindo-se traída a adolescente se vê cansada do conto de fadas em que foi criada. Uma garota cheia de determinação e vontade de mudar o mundo, mas infelizmente sua ingenuidade pesa contra ela e em muitos momentos ela se revela influenciável. O problema na vida da personagem é a falta de comunicação com os pais e isto na maioria das vezes é um estopim para a catástrofe.
"Charlotte sorriu. Quando ela sorria, podia-se sentir todo o seu brilho. Ela costumava ser assim o tempo todo, pensou Lydia. Quando era pequena, eu sempre sabia o que se passava em sua mente. Crescer é aprender a enganar."
O interessante é que Charlotte é a representação do momento atual que a Inglaterra enfrenta, um ponto em que as estruturas sociais estão se modificando, as mulheres lutando pelos seus direitos e os trabalhadores se dando conta de sua difícil situação. É um momento de transição em que o conservadorismo e liberalismo na Europa estão em conflito e mesmo assim durante a leitura percebemos que as mudanças estão chegando. Isso me chamou atenção porque é algo que não tinha percebido em livros históricos que retratam a época, Follett consegue deixar bem claro como as tradições inglesas e provavelmente de toda a europa estavam ruindo no período.

Apesar de, como eu disse, a história se desenvolver enquanto Charlotte cresce e entende o mundo ao seu redor ela não é protagonista sozinha, ouso dizer que são bem poucos os coadjuvantes desta história. A narrativa se interliga de um modo que prefiro não comentar para não estragar a surpresa. Mas acho essencial salientar a importância de outros personagens, principalmente Feliks. Ele não é apenas o vilão, ele tem sua história e a conhecemos, eu por diversas vezes compactuei com seus ideais, compreendi sua luta. Ainda assim ele não era de todo bom, ou de todo ruim, talvez seja certo dizer que ele é vítima das circunstâncias e acabou por fazer escolhas erradas devido a todo sofrimento que passou. É o tipo de vilão que causa empatia no leitor. 
"Um homem que não tem medo pode fazer qualquer coisa, pensou Feliks"
Já Lydia a mãe de Charlotte me irritou muito por sua inabilidade de falar, seu medo de revelar alguns segredos, porém caso ela não fosse assim não haveria muito o que contar, mas que ela é omissa ah isso ela é! Com relação a o conde Walden não há muito o que dizer, ele é um político e trabalha para o que é "melhor" para o seu país, mas ainda assim é um homem bom, um personagem bem construído.

Enfim, O Homem de São Petersburgo é uma trama envolvente que se interliga de uma forma genial, o talento de Follet como autor já não deveria me surpreender mais e ainda assim ele conseguiu isso com este livro. Em relação a diagramação e revisão a Editora Arqueiro está como sempre de parabéns, o exemplar traz um trabalho simples mas muito bem feito e o mais importante sem erros. Só queria deixar claro que se um dia decidirem publicar a lista de supermercado de Follett eu vou até a livraria comprar. Leia leia leia!!!



3 comentários:

  1. Oi, Ju!!!

    Vou confessar que nunca li nada de Ken Follett, mas tenho um livro dele (Noite sobre as Águas) aqui esperando por um tempo livre para lê-lo. Hahahaha

    Espero me apaixonar pelo autor da mesma forma que você.

    Todas as resenhas que leio dos livros dele são incríveis, então estou cheia de expectativas! Hahahaha

    Bjs

    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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  2. Oi, Ju!!!

    Vou confessar que nunca li nada de Ken Follett, mas tenho um livro dele (Noite sobre as Águas) aqui esperando por um tempo livre para lê-lo. Hahahaha

    Espero me apaixonar pelo autor da mesma forma que você.

    Todas as resenhas que leio dos livros dele são incríveis, então estou cheia de expectativas! Hahahaha

    Bjs

    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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  3. Li recentemente O Homem de São Petersburgo e também fiquei encantado com a capacidade de Follett de manter a trama sempre despertando a atenção do leitor,e principalmente, estimulando-o a seguir adiante na leitura.
    Mais do que uma boa trama, o pano de fundo é um retorno as aulas de histórias para compreender as causas da primeira guerra mundial.
    Meu objetivo é ler mais livros de Ken Follett, que para mim uma dos maiores escritores ingleses da história da literatura.
    Recomendo-o também!!!

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Obrigada pelo comentário, ele será respondido assim que possível :)