[Resenha] O Arqueiro - Bernard Cornwell

Hoje vamos de resenha de minha primeira releitura para o desafio Relendo e Resenhando. O livro escolhido foi O Arqueiro de Bernard Cornwell, uma obra que obviamente nunca resenhei por aqui e que foi um dos melhores livros que li na vida e continua sendo.

O Arqueiro
A Busca do Graal #1
Autor: Bernard Cornwell
Editora Record
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Skoob

Sinopse: Aos 18 anos apenas, Thomas vê o pai morrer em seus braços após um ataque-surpresa à aldeia de Hookton. Um lugar simples que escondia um grande segredo: a lança usada por São Jorge para matar o dragão, uma das maiores relíquias da cristandade. Em busca de vingança contra um homem conhecido apenas como Arlequim, o rapaz, um arqueiro habilidoso, se junta ao exército inglês em campanha na França, onde se envolve em batalhas e aventuras que, sem perceber, lançam-no na busca do lendário Santo Graal. Com este romance, o autor usa o cenário da Guerra dos Cem Anos para dar início a uma saga empolgante.

Há cerca de um ano venho reclamando de um certo problema para ler livros históricos ou fantásticos, nos últimos tempos venho empacando nesse tipo de leitura. A questão é que estes são os gêneros que mais gosto e estava ficando bem incomodada com a situação. Mesmo um dos meus autores preferidos não estava me agradando, a solução foi escolher um livro que já havia lido e que tinha gostado muito. Então, aproveitei o Desafio Relendo e Resenhando que o Alisson do Re.view criou e comecei minhas releitura por O Arqueiro, de Bernard Cornwell. Assim não teria como me decepcionar e talvez eu finalmente saísse dessa tremenda ressaca. Acho que agora é o momento de agradecer a Cornwell e ao Deus da escrita, porque minha ideia deu super certo.

O Arqueiro é o primeiro livro da trilogia A Busca do Graal, seu principal personagem é um jovem, chamado Thomas, que tem por ambição ser um Arqueiro, porém a vontade de seu pai é que ele se torne um padre. Quando a aldeia de Hookton é atacada, sua maior relíquia roubada e seu pai morto, Thomas parte em busca de vingança. Mas no meio de uma guerra que promete arrasar toda a França e perpetuar a soberania dos Ingleses o jovem se perde em meio a realização de seu maior desejo, deixando assim de lado sua promessa de vingar o pai, o vilarejo e trazer a relíquia de volta. Porém há pessoas que não deixarão que Thomas esquece seu destino e sua inteligencia e lealdade é o que o levarão até seu objetivo final.

"Naquele instante em que a primeira flecha deslizara no céu, ele soubera que não queria mais do que aquilo da vida. Era um arqueiro. Por ele, Oxford podia ir para o inferno, porque Thomas descobrira o que lhe dava prazer."

Por ser o primeiro livro da trilogia é óbvio que não iremos nos deparar com todas a soluções imediatas. O Arqueiro se atém a nos apresentar Thomas e a forma como sua vida teve uma reviravolta depois do ataque a sua aldeia. Esta trilogia foi a segunda que li do autor, e não pude ficar menos surpresa ao constatar que Cornwell é bastante inteligente e um exímio historiador, é claro, que me dei conta disso a primeira vez que li o livro, mas o fato é que o autor utiliza de sua pesquisa para criar um romance histórico arrebatador que irá jogar o leitor no meio do campo de batalha. Alias, esta é a principal característica de Cornwell, a forma como ele descreve batalhas sangrentas e estratégicas torna inevitavelmente  que o leitor visualize suas descrições como se estivesse assistindo o que se passa. 

Além disso, seus personagens estão no centro de tudo, através de Thomas, Will Skeat, Sir Guillaume e o Arlequim, entre outros, visualizamos as duas frente de batalha e todas as decisões que irão culminar a batalha final deste primeiro livro. Seus personagens são muito bem desenvolvidos sejam eles criados para serem meros tolos ou pessoas decididas e inteligentes. Seus vilões causam ascos por suas atitudes, mas Cornwell não deixa de apresentar um personagem principal que também comete erros e toma atitudes insensatas. Thomas de Hookton é justamente assim e também um guerreiro formidável que aprende a arte de ser cavalheiresco quando amadurece um pouco, não que isso o faça perder o viço. Thomas é imprudente, impulsivo, mas também muito inteligente e decidido. Ele é com toda certeza um dos melhores protagonista que Cornwell já criou até onde pude ler suas obras.

Enfim, O Arqueiro é antes de mais nada um romance para quem gosta de literatura histórica, se passa em meio aos conflitos armados entre França e Inglaterra durante a Guerra do Cem anos e trás para o leitor o que de melhor há no gênero, realidade, batalhas, romances e jogos de poder que vão sustentar o leitor até a última página e deixá-lo com fome de mais. Porém o mais interessante fica pela nota final do autor na obra, em que ele explica a forma como conduziu sua história e alguns fatos que podem ou não ter realmente ocorrido. No mais, a edição está perfeita, não encontrei erros e sinto falta deste cuidado que a Editora Record tinha antigamente com suas edições, espero que voltem a se importar com uma boa edição e excelente revisão.

Melhor Quote:

"A mão esquerda de Thomas tremeu ao armar o arco. Estava com a boca seca, amedrontado. Sabia que iria atirar a esmo, de modo que abaixou o braço e soltou a tensão da corda. Lembre-se, disse a si mesmo, lembre-se de tudo que já lhe foi ensinado. Um arqueiro não mira, ele mata."