[Resenha] Mundo sem Fim - Ken Follett

Que Ken Follett é um gênio da literatura histórica eu já cansei de dizer aqui no blog e acredito que todos que me acompanham sabem que este é meu gênero literários favorito. Então, vai ser um pouco complicado ser imparcial com relação a essa obra, mas tentarei contar para vocês de forma coerente tudo o que achei de Mundo Sem fim, publicado recentemente pela Editora Arqueiro aqui no Brasil.

Mundo sem Fim
Autor: Ken Follett
Editora Arqueiro
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Skoob

Sinopse: Uma guerra que dura cem anos. Uma praga que devasta um continente. Uma rivalidade que pode destruir tudo. 

Na Inglaterra do século XIV, quatro crianças se esgueiram da multidão que sai da catedral de Kingsbridge e vão para a floresta. Lá, elas presenciam a morte de dois homens. Já adultas, suas vidas se unem numa trama feita de determinação, desejo, cobiça e retaliação. Elas verão a prosperidade e a fome, a peste e a guerra. Apesar disso, viverão sempre à sombra do inexplicável assassinato ocorrido naquele dia fatídico. 

Ken Follett encantou milhões de leitores com Os Pilares da Terra, um épico magistral e envolvente com drama, guerra, paixão e conflitos familiares sobre a construção de uma catedral na Idade Média. Agora Mundo Sem Fim leva o leitor à Kingsbridge de dois séculos depois, quando homens, mulheres e crianças da cidade mais uma vez se digladiam com mudanças devastadoras no rumo da História.

A primeira coisa que vocês devem saber sobre esta história é que ela é uma espécie de sequência de Os Pilares da Terra, a narrativa é ambientada no mesmo cenário, porém retrata acontecimentos de 200 anos depois e tem como personagens principais os descendentes dos personagens do primeiro livro. Contudo, não se preocupe em ficar perdido, apesar de algumas referências aos personagens anteriores o livro é perfeitamente compreensível, ou seja, você pode ler separadamente. Inclusive, eu ainda não li Os Pilares da Terra e posso afirmar que foi uma experiência muito interessante ler Mundo sem Fim.

A narrativa de Mundo sem Fim se passa durante a Guerra do Cem anos, o que foi um ponto positivo na minha leitura já que antes de pegá-lo para ler eu havia relido O Arqueiro (Resenha) que se passa no mesmo período, com isto acompanhei acontecimentos reais da história do mundo que foram explorados tanto por Cornwell quanto por Follett, de formas diferentes mas não menos assertivas. Mundo sem Fim retrata o jogo de poder entre o clero e os mercadores (burguesia?). Através dos quatro jovens citados na sinopse acompanhamos cada uma das vertentes desse jogo. Em meio a conflitos religiosos e familiares acompanhamos uma história dramática que incluí uma guerra épica e paixões não menos arrebatadoras, além de um jogo pelo poder que foi muito bem descrito e elaborado. 

Uma das principais características do autor nesse livro é que ele não tem medo de desanimar o leitor fazendo seus personagens passarem por situações frustrantes, Follett nos deixa indignados ao mesmo tempo em que continuamos ávidos pelo desenrolar dos acontecimentos. Mas o mais importante de sua obra é que sutilmente adquirimos a compreensão de que nem tudo dá certo no fim, e que personagens bons também erram e principalmente passam por dificuldades e momentos que nós leitores preferíamos que não acontecessem. Você vai ver aqui gente manipuladora levando a melhor em boa parte do tempo, mas isto não chega a ser novidade já que durante a idade média o que ditava as regras era o poder não a justiça.

Além de uma narrativa muito bem construída e intrincada Follett também tem uma capacidade tremenda de criar personagens. Seria complicado falar aqui de um a um porque a resenha ficaria imensa, mas o essencial é que você tenha em mente que até o personagem mais querido irá deslizar em algum momento, fazendo com que você se sinta frustrado. Terminei o primeiro volume dessa história aos prantos, chocada e completamente sem palavras para descrever o que estava sentindo. Durante toda a narrativa o autor deixa pistas de como tudo poderia acabar, pequenos detalhes que se juntam para culminar em um fim que partiu meu coração. É perceptível o rumo que a narrativa toma, mas não menos surpreendente quando enfim chegamos a conclusão de determinados acontecimentos, e as atitudes de cada um dos personagens são essenciais para esse fim.

Eu já havia lido vários livros do autor e sou completamente suspeita para falar, pois leria até mesmo a lista de supermercado dele se tivesse a oportunidade, contudo sem sombra de dúvidas ele é ainda mais incrível escrevendo sobre os anos negros da Idade Média. Sua capacidade de destrinchar a inteligência de seus personagens e evidenciar seus planos absorvem o leitor da primeira a ultima página. 

Enfim, Mundo sem Fim não é aquela leitura de uma sentada só, é necessário estar atento e isso é algo impossível de ignorar e que tornará sua experiência com a obra muito mais satisfatória. No mais nem preciso dizer que a Editora caprichou na edição, o livro que foi dividido em dois volumes não é vendido separadamente e segue um ritmo certeiro e que não chega a desanimar o leitor devido ao número de páginas. A capa está maravilhosa, ainda mais do que a primeira edição e o box dá um charme a mais a essa obra tão maravilhosa. Não há mais o que dizer a não ser que Follett é mestre em ser imprevisível e trabalhar os grandes períodos históricos.

Obs: há uma minissérie adaptada do livro, ainda não tive a oportunidade de ver, mas vou correndo ali ver o que eu acho!

Melhores Quotes: 

"Às vezes, contrariando todas as expectativas, as piores adversidades trazem à tona o que há de melhor em algumas pessoas"

"Como foi no princípio

e agora e sempre será

Um mundo sem fim"