quarta-feira, abril 19, 2017

[Resenha] O Ceifador - Neal Shusterman

O Ceifador
Scythe #1
Autor: Neal Shusterman
Editora Seguinte
448 Páginas
Skoob



Sinopse: Primeiro mandamento: matarás.
A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria... Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade. Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador - papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a arte da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais, podem colocar a própria vida em risco.

Quando a Editora Seguinte fez a proposta de provas antecipadas para o livro "O Ceifador" a história me chamou atenção devido ao enredo. A sinopse prometia uma história original apesar de ser uma distopia, gênero que a meu ver já saturou um pouco devido ao rumo "predeterminado" de suas tramas. Mesmo assim confesso que não estava tão empolgada com a obra, era uma leitura que me deixou curiosa mas não a ponto de pular filas. Acredito que de certa forma isso foi essencial para que eu não abandonasse o livro antes de chegar a parte boa, porque sim, demorou demais! Creio que se eu tivesse altas expectativas não teria chegado ao momento em que a história fica sensacional. 

"O Ceifador" narra a história de Rowan e Citra, personagens que vivem em um mundo pós moderno "comandado" pela mais perfeita interface de inteligência artificial que já existiu. Um período em que não se há nada de novo para conhecer e aprender, um futuro em que a mortalidade passa a ser exceção, em que o ser humano pode rejuvenescer quando bem entender. Um mundo em que estagnação e tédio levam algumas pessoas a se matarem só para ter o que fazer, visto que a maior consequência é ser restaurado a vida em um centro de revivificação. A única coisa sobre a qual a Nimbu-Cúmulo (IA) não pode interferir é com a ordem dos Ceifadores. Eles são os únicos capazes de tirar definitivamente a vida de um ser humano. E de repente Rowan e Citra se veem aprendizes do Ceifador Faraday, a melhor escolha é seguir em frente com o treinamento, mesmo que isso nunca tenha sido o que imaginavam para si. E por pior que seja descobrir que o poder ainda é capaz de corromper o homem é necessário seguir em frente, mesmo que se sintam apenas marionetes em um jogo muito maior do que inicialmente pensavam.
"Quanto mais vivemos, mais rápido os dias parecem passar. Como é perturbador viver para sempre. Um ano parece durar apenas semanas. Décadas voam sem nenhum acontecimento que as marque. Ficamos acomodados na monotonia sem sentido da vida, até que, de repente, nos encaramos no espelho e vemos um rosto que mal reconhecemos implorando que nos restauremos e sejamos jovens novamente."
Neal Shusterman ter uma particularidade em sua escrita que não me agradou muito, a narrativa em terceira pessoa torna a história muito impessoal, impedindo que o leitor se conecte com os sentimentos dos personagens. Por boa parte da história me senti alheia as vontades e pensamentos dos protagonistas, como se eles mesmo não sentissem o que estava descrito ali. Não dá nem mesmo para dizer que foi algo forçado, por que sinceramente na maior parte da história senti total indiferença por ambos. O curioso é que enquanto eu lia passei a comparar a escrita do autor com a de outro livro que havia lido, alguma coisa ali me remetia a narrativa de "Fragmentados", agora imaginem minha cara de besta quando fui pesquisar e vi que ambos são livros do mesmo autor? Pois é, vergonhoso. E assim como neste outro livro do autor a história passa a ser instigante quase perto do fim, é quando a ação realmente passa a acontecer.

Acredito que o que disse a cima se deva ao fato de este livro ser o primeiro de uma trilogia e sirva principalmente para ambientar esse novo mundo. A questão é que este novo mundo pensado por Shusterman tem tantas particularidades que a narrativa não da conta de explorar tudo, o autor foca intensamente em alguns fatores em detrimento de outros e encontrei certas incoerências no decorrer da narrativas, coisas pequenas que no momento não me recordo direito, mas que pareciam contradizer o que já tinha sido dito. Acontece que ainda assim no fim acabamos por deixar de lado tudo o que incomodou antes para descobrir porque este livro é tão bem cotado no Goodreads

O fato é que quando tudo começa a parecer enfadonho e passamos a no sentir como os personagens da narrativa, vivendo por viver em um tédio cansativo, algo inesperado acontece e a partir daí o ritmo da história acelera, passamos a sentir o objetivo de tudo e enfim acabamos por viver "junto" com os personagens. A atitude de Rowan, a forma como ele cresce como personagem, como ele encara todo o mal que foi obrigado a participar é sensacional. Citra tem seus próprios problemas para enfrentar, mas sua jornada é ainda mais interessante de que a do amigo. A verdade é que O Ceifador não tem nada de previsível e clichê, quando você espera ter compreendido tudo Shusterman se reinventa e apresenta uma narrativa completamente nova e ao mesmo tempo semelhante.

Enfim, "O Ceifador" é uma narrativa que lida com temas complicados seja em uma distopia ou no mundo real: a morte. Não só pela questão do ser que tem a vida ceifada, mas principalmente em relação aqueles que ficam. Senti muito intensamente a questão do viver por viver, confesso que não me sentiria confortável em habitar um mundo em que não existe mais nada para se conhecer, que todo aprendizado já foi absorvido, em que não sou exatamente necessária. 
"A imortalidade nos transformou em personagens de desenho animado."

Este livro traz muito mais do que apenas as questões aparentes na sinopse e o mais interessante é a reação que você certamente terá com relação a essas questões. No mais leia e tire suas próprias conclusões.

OBS: Como li a prova antecipada do livro prefiro não falar sobre a edição, mas pra ser bem sincera não gostei da capa!

Um comentário:

  1. Oi, Ju!!

    Eu gostei muito da ideia dessa história também.
    Imagino que seja bem interessante a história, mesmo que tenha explicado como é cansativo o começo do livro.

    Acho que vou tentar ver para ler mais para frente. Assim que tiver um pouco mais de tempo livre e dinheiro extra para comprá-lo! Hahahaha

    Bjs

    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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