Uma Jornada no InvernoCostumam dizer que a primeira impressão é a que fica e muitas vezes eu concordo com esse ditado, porém com relação a livros é impossível manter apenas uma única opinião no decorrer da leitura. Este processo requer muito mais de uma pessoa do que apenas a capacidade de ler e decifrar códigos, é necessário principalmente empatia, interpretação e boa vontade. Logo, quando comecei a ler Kingmaker - Uma jornada no Inverno eu acreditei que seria um daqueles livros que me faria passar por diversas reações e eu não estava errada, fui do entusiasmo ao tédio em diversos momentos. Acredito que isso se deva principalmente ao fato de que eu criei certa expectativa com relação a leitura por se tratar de um gênero que aprecio bastante.
Kingmaker #1
Autor: Toby Clements
Editora Rocco
576 Páginas
Skoob
Sinopse: Uma jornada no inverno abre a série Kingmaker com uma narrativa repleta de fogo, neve e sangue. Em seu primeiro e aclamado romance histórico, Toby Clements recria de maneira meticulosa os tempos mais caóticos e violentos de todo o passado inglês: a segunda metade do século XV, período marcado pelo conflito civil que ficou conhecido como Guerra das Rosas. Cruzando mares, montanhas e campos de batalha, o leitor acompanha um monge e uma noviça em fuga por um universo de crueldade regido pela fome e as intempéries – a Europa medieval. O resultado é um romance histórico vívido e brilhante, perfeito para fãs de Ken Follett ou Bernard Cornwell.
Kingmaker é uma narrativa humana que apresenta a Guerra das Rosas (disputa pelo trono Inglês entre Lancasters e Yorks) pelo olhar de pessoas comuns. Faz com que o leitor absorva os horrores das batalhas sem que sejam narrada pelos nobres ambiciosos que buscavam glória. Através de pessoas comuns vemos o que o medo e a coragem pode fazer ao ser humano. Entre vingança, batalhas e camaradagem vamos acompanhar a campanha em que um monge e uma freira são obrigados a se aventurar. Amor, sangue e tragédia, tudo se une em uma história épica. Porém, Kingmaker é mais uma jornada de autoconhecimento e fé do que de disputas por uma coroa.
Inicialmente tive a impressão que Toby Clements era tão bom quanto Bernard Cornwell e Ken Follett, meus dois autores preferidos de ficção histórica, mas com o passar das páginas fui percebendo que faltava algo. Enquanto lia pensei em vários motivos para não me sentir tão conectada com a história, não parecia certo já que o autor escreve muito bem. Me perguntei diversas vezes o que poderia estar fazendo com que meu entusiasmo com a obra diminuísse? Bom, eu cheguei a uma conclusão. O fato é que a narrativa em terceira pessoa torna a obra impessoal, apesar de termos uma ampla visão dos acontecimentos não temos uma intimidade maior com os personagens. Vemos suas ações, sabemos o que sentem e pensam, mas não de forma a nos conectarmos com eles.
Felizmente a personalidade dos personagens apesar de não aprofundada é bem desenvolvida. Durante a leitura é excepcional acompanhar o crescimento de Thomas, ele é um homem que acima de tudo acredita em Deus, que acredita já ter a vida pré determinada e que por um ato impensado de coragem acaba se vendo a mercê do mundo e da própria sorte. Inicialmente me apiedei de sua fé, mas a força em que ele acredita que Deus proverá e, que todas as suas ações estão ligadas a vontade do todo poderoso me irritou diversas vezes. Não que eu mesma não tenha fé, mas definitivamente colocar toda sua vida nas mãos de Deus e acreditar em destino é demais para mim, como se não fossemos responsáveis por nossas próprias escolhas. A questão é que o personagem tem muito mais fogo nas entranhas, é perceptível que ele é mais um guerreiro do que um monge, sua crença e ingenuidade o guiam, mas vão perdendo a força quando a história exige. Porém, sei que há muito mais a ser explorado.
"- Você está desperdiçado aqui, irmão Thomas - ele diz, enxugando-lhe o rosto. - Perdendo tempo com seu saltério quando deveria estar lutando contra os franceses..."O mesmo não se pode dizer sobre Katherine, é nítido que ela não tem qualquer vocação para a vida religiosa, porém desde jovem está aos cuidados das freiras no priorado. Vítima de maus tratos ela não sabe nada sobre seu passado ali e o futuro ainda mais incerto faz com que ela precise contar diversas mentiras. O que mais chama atenção na história da personagem é sua origem, assim como sabemos que Thomas é mais do que sua ingenuidade, também percebemos que Katherine é mais do que apenas uma jovem abandonada pela família que acabou crescendo em um priorado. Mas não temos a resposta para essas "suposições" no primeiro livro, o que é bom, pois essa é apenas uma das muitas pontas soltas que prometem ser resolvidas no decorrer da trilogia, o qe significa que vem muito mais por aí.
Um grande problema para mim durante esta leitura foi a forma como Clements chama atenção para determinadas situações e artefatos mas parece esquecê-los no decorrer da história para retomá-los do nada em um momento em que já perdemos o interesse, é como se ele desse o osso para o cachorro, atiçasse o animal para depois guardar e se lembrar apenas no outro dia. O problema é que aquilo que foi apresentado não deixa de ser importante, mas acaba relegado a segundo plano por muito tempo. A meu ver o autor dar mais importância as batalhas, que por sinal deixam a desejar, em detrimento dos fatos, o que torna a leitura por diversas vezes tediosa. Por outro lado a forma como ele intercala as ações dos personagens com o rumo real da história é brilhante. A cargo de curiosidade fiz uma rápida pesquisa e encontrei a definição de Kingmaker, que tem tudo a ver com essa união entre ficção e realidade: "Termo usado para ilustrar uma situação em que um jogador através das suas ações no jogo, determina o vencedor do jogo (que não ele próprio)."
Enfim, Kingmaker - Uma Jornada no Inverno é mais uma Ficção História que intercala o real e o ficcional de forma excepcional, seu maior problema é que se torna relapsa em determinados pontos, porém posso afirma que ao término da leitura a história compensa tremendamente. Terminei este livro ansiosa para dar continuidade a leitura e felizmente logo poderei fazer isso. Quanto a edição a Editora Rocco fez um bom trabalho, o livro de capa dura traz uma diagramação simples, infelizmente a fonte não é muito grande o que pode atrapalhar alguns leitores. Além disso, é preciso tomar certo cuidado no manuseio do exemplar já que a lombada do livro não é colada a capa e pode danificar (acho que isso é comum em livros de capa dura). Mas agora chega, a verdade é que recomendo sim a leitura, apesar de alguns problemas que encontrei nem de longe eles fizeram a história ser ruim, se você gosta de ficção histórica vai com tudo!
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