[RESENHA] #ChallengeClassicYear: Os Três Mosqueteiros - Alexandre Dumas (Pai)

Os Três Mosqueteiros
Autor: Alexandre Dumas (Pai)
Coleção Imortais da Literatura Universal
Editora Abril
Skoob

Sinopse: A ação decorre em 1648, no ano em que termina a Guerra dos Trinta Anos. D'Artagnan, um jovem de rosto comprido e moreno, os malares salientes e os maxilares bastantes desenvolvidos, o olhar franco e inteligente, o nariz adunco, estatura média mas proporcionada, é também aventureiro e corajoso em busca da fortuna, acompanhado pela sua comprida espada, e também pelo seu cavalo de cor amarelada, sem crinas na cauda, ele que fazia umas oito léguas por dia, é um ótimo parceiro para um jovem. O jovem gascão, chega a França, na linda localidade de Paris, que é uma cidade fervilhante de vida e emoções, duelos e romances, aventuras e perigos. Aí o jovem trava conhecimento com três homens, os quais são mosqueteiros do rei, Luís XIII, a quem dão a vida para o defender e também a quem chamam "os três inseparáveis": Athos, o nobre, Porthos, o forte, Aramis, o astuto. Nasce então entre eles (o jovem e os três Mosqueteiros), uma grande amizade, muito forte, sem limites e D'Artagnan conquista a farda de mosqueteiro, que o admite no grupo depois de testadas as suas qualidades de espadachim. Juntos, os quatros amigos lutam corajosamente para salvar a honra da rainha Ana de Áustria, de um embroglio amoroso em que a haviam envolvido com o Duque de Buckingham, braço direito do rei Carlos de Inglaterra. A França vive dias de guerra civil, opondo católicos a huguenotes. A atmosfera de intrigas palacianas envenena a vida francesa. Os mosqueteiros participam no cerco a La Rochelle (1629) e cobrem-se de glória. O misterioso homem de Meung, a pérfida Milady e os inúmeros guardas, duelistas e esbirros do cardeal são alguns dos obstáculos que os mosqueteiros têm de enfrentar ao longo da viagem, neste espantoso romance de aventuras e perigos.

Existem histórias que mesmo antes de lermos nos fascina, através do pouco conhecimento que temos da obra a certeza de que será perfeita para nós é inabalável. E tudo fica ainda melhor quando todas as expectativas são alcançadas. Assim é minha história com Os Três Mosqueteiros. Para os mais desavisados sou apaixonada por livros que abordem períodos históricos e também fico encantada com romances de "Capa e Espada". E a história de d’Artaghan não deixa a desejar em nenhum dos dois quesitos.

"- Senhores - disse êle -, com a vossa permissão, desejo emendar qualquer coisa às vossas palavras. Dissestes que éreis apenas três, mas a mim me parece que somos quatro.
- Mas não sois dos nossos - disse Porthos.
- É verdade - respondeu d'Artagnan. Não tenho hábito, mas tenho a alma. Sinto perfeitamente que o meu coração é mosqueteiro, senhor, e isso me arrebata"

Este na verdade não é meu primeiro contato com Os Três Mosqueteiros, assim como muitos sou fã e apreciadora dos filmes, além disso já tive minha fase de pesquisa para ter uma ideia melhor do que se tratava a história. Fiquei apaixonada por O Homem da Máscara de Ferro e ri muito com o papel bonachão que prestaram aos três célebres personagens de Dumas. Porém nunca imaginei que pudesse ficar ainda mais encantada com tudo. Neste momento vocês devem estar se perguntando: porque eu não li antes? Bom, eu não sei dizer, o fato é que o livro demorou muito para chegar em minhas mãos, e as raras bisbilhotadas que dei na biblioteca não contam como leitura. Só resolvi mergulhar de vez na narrativa quando optei por lançar o desafio de Clássicos e como a primeira tarefa sorteada foi "Um Clássico de Aventura" não perdi tempo e escolhi Os Três Mosqueteiros.

Apesar de ser um livro Clássico e ter uma escrita um pouco mais sofisticada e poética do que os romances contemporâneos achei que não foi muito difícil de ler. Contudo não é como se fosse possível ler em uma "sentada", o livro exige tempo e concentração. Alexandre Dumas criou uma obra tão cheia de pormenores e nuances que a distração, mesmo que momentânea, ocasiona um vácuo na leitura. O mais interessante da narrativa além da história em si é a caracterização dos personagens. Dumas foi tão fiel as atitudes e personalidades de seus caracteres que era quase possível adivinhar como cada um lidaria com a situação e eu terminei a narrativa ainda mais admirada com eles.

Mas de todos quem mais chama atenção é Milady, confesso que antes de assistir o filme com  Logan Lerman eu desconsiderava a existência da personagem. Mas ela se faz tão presente e tão essencial na narrativa que me perguntei como não a descobri antes. Ela me casou tanto ódio mas tanto ódio, que cheguei a conclusão que nunca em minha vida detestei tanto um vilão como a Condessa de Winter. Os últimos capítulos do livro são basicamente voltados a ela, e suas atitudes me deram uma sensação de impotência tão grande que cheguei a me sentir inútil. Se houve algum momento que pensei em abandonar o livro foi nesses instantes. Não que tenha sido ruim, muito pelo contrário, Milady trás riqueza a história, complementa o que já é perfeito, mas ainda assim a reação que tive a personagem foi assustadora. No fim não abandonei e não me arrependo.

Quanto ao enredo Alexandre Dumas foi mestre na dosagem, há humor, ação, romance, conflitos e política tudo o que transforma um bom romance de "Capa e Espada" em uma narrativa digna de leitura. Acredito que a única coisa que me atrapalhou não tem nada a ver com a escrita e sim com a Edição. Como vocês puderam ver no vídeo o meu livro é da coleção de Clássicos da Abril "Imortais da Literatura Universal" e além das páginas estarem bastante amareladas a fonte era minúscula o que dificultou um pouco a leitura. Mas esse é um pequeno detalhe perto da grandiosidade desta narrativa.

Enfim, Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas é quase um relato da França do século XVII e suas intrigas e conspirações, mas além disso  é uma história de lealdade, amizade e amor. Para quem não sabe a saga dos Mosqueteiros é contada em uma trilogia, sendo que o segundo livro chama-se "Vinte Anos Depois" e o terceiro "O Visconde de Bragelonne". Eu infelizmente não li os outros dois, mas já dei uma pesquisada aqui e descobri que na Biblioteca onde eu trabalho tem ambos os livros, é claro que não vou perder tempo e colocar entre as leituras do ano. Continuem ligados que logo mais sai o vídeo com a tarefa de fevereiro do Challenge Classic Year. No mais se você ainda não está convencido a ler o livro mesmo depois de tudo o que eu falei então vá assistir aos filmes, é sempre recompensador.

Melhores Quotes:

" - Se pudésseis ler em meu coração - disse d'Artagnan -, nêle veríeis tanta curiosidade, que vos apiedaríeis de mim, e tanto amor que satisfaríeis no mesmo instante a curiosidade. Não temos nada a recear daqueles que nos amam."

"Mas também nunca dissestes que não me amáveis; e, com efeito, dizer-me tais palavras seria da parte de Vossa Majestade a maior das ingratidões. Pois, dizei-me, onde encontrareis um amor semelhante ao meu, um amor que nem o tempo, nem a ausência, nem o desespero lograram extinguir; um amor que se contenta com uma fita que caiu, um olhar perdido, uma palavra solta?"