Resenha: Liberta-me - #SemanaEspecialTaherehMafi

Título: Liberta-me
Autora: Tahereh Mafi
Editora: Novo Conceito
Lançamento: 2013
Skoob

Sinopse: Liberta-me é o segundo livro da trilogia de Tahereh Mafi. Se no primeiro, Estilhaça-me, importava garantir a sobrevivência e fugir das atrocidades do Restabelecimento, em Liberta-me é possível sentir toda a sensibilidade e tristeza que emanam do coração da heroína, Juliette. Abandonada à própria sorte, impossibilitada de tocar qualquer ser humano, Juliette vai procurar entender os movimentos de seu coração, a maneira como seus sentimentos se confundem e até onde ela pode realmente ir para ter o controle de sua própria vida. Uma metáfora para a vida de jovens de todas as idades que também enfrentam uma espécie de distopia moderna, em que dúvidas e medos caminham lado a lado com a esperança, o desejo e o amor. A bela escrita de Tahereh Mafi está de volta ainda mais vigorosa e extasiante.

Juliette se encontra finalmente a "salvo" no Ponto Ômega, lá ela descobriu que existem mais pessoas como ela e finalmente sente que pode ser aceita e feliz, é assim que acreditamos que será desde o fim de Estilhaça-me. Infelizmente as coisas não correm tão bem assim. Depois de perceber que mesmo entre os seus ela é considerada um monstro a jovem se isola e se sente incapaz de superar as expectativas daqueles poucos que confiam nela. O Restabelecimento está na ofensiva, a procura do quartel general da resistência e cada vez mais perto de atingir seu intento. A guerra é eminente e Juliette precisa aprender a controlar seus poderes e de certa forma tornar-se o monstro que nega ser desde que tudo isso começou. No meio de tudo está seu amor por Adam e a possibilidade de tudo ter que acabar. E um inesperado refém pode chegar para balançar mais ainda o que já é incerto.

Lembram-se daquela Juliette forte e destemida que descrevi na resenha de Estilhaça-me, pois bem, ela se foi e deve estar trancada em um lugar bem escuro e inacessível, pelo menos em boa parte da narrativa de Liberta-me. Com o conhecimento de que é tida como altamente perigosa até mesmo entre pessoas como ela Juliette se fecha completamente em seu mundo. Um lugar onde apenas Adam é capaz de chegar e talvez Kenji com sua agradável irreverência. O início da narrativa é um pouco lento, já que ele se desenrola em torno da comiseração da personagem com relação a si mesma. Posso dizer isso só começa a melhorar depois de umas cem páginas e ainda não chega a ser suficiente. É necessário que ela leve uma boa de uma sacudida para perceber que não é a única pessoa no mundo com problemas e que se ela quer ser melhor ela precisa se erguer e parar com a autopiedade.

“[...]todo mundo tem uma história triste, ninguém está aqui de férias.”

Nesta segunda parte da história também vemos Adam perder um pouco de espaço. Depois de descobrir porque é capaz de tocar em Juliette ele se concentra em se controlar para poder estar junto dela, o que faz com que os dois se afastem um pouco, isso piora ainda mais quando a própria Juliette descobre o motivo. Em compensação temos doses extras de Warner. Para quem já leu destrua-me e está mais familiarizado(a) com essa nova faceta do personagem não será uma grande surpresa, mas ele se torna mais e mais cativante com o decorrer da narrativa. Chega a dar um tilt na mente, já não sei mais se sou Team Adam ou Team Warner. Descobrimos várias coisas sobre seu passado, o que ele precisou suportar nas mãos do pai, o por que de ser assim como é e o fato de que ele foi criado para a ação e não para emoção. E, por isso, já podemos ter uma ideia do quão doloroso deve ser para ele amar Juliette tão intensamente.

Com a guerra tão em eminencia neste segundo livro, somos apresentados a um governo mais ofensivo. Nas cenas em que Warner aparece com o pai imaginei sinceramente o pobre coitado com o rabo entre as pernas. O Comandante Anderson é muito pior do que o filho demonstra ser no primeiro livro. Ele é realmente sádico e cruel e adora se divertir as custas do sofrimento dos outros, principalmente do próprio filho. Este livro é muito mais cheio de ação e o envolvimento de novos personagens trás uma nova perspectiva a história, que por sua vez é cheia de reviravoltas e revelações surpreendentes. Pode ter certeza que você vai ficar de cara com algumas!

Enfim, apesar de no começo ter me irritado profundamente com algumas cenas de Juliette, com o decorrer da narrativa a história vai ficando mais empolgante até chegar o momento em que você não conseguirá mais largar o livro. Eu fui maravilhosamente surpreendida por Tahereh Mafi conseguir manter o ritmo e a escrita do livro anterior e fazer dessa parte da história algo muito mais rico e humano. A angústia ainda está estampada por todos os poros de Juliette o que faz com que entremos de cabeça em seus pensamentos e dúvidas. E o fim, ah meus queridos, esse vai deixar você prostrado ao chão desejando desesperadamente o próximo volume.

O que não mudou muito é que a autora ainda utiliza do recurso de repetição de palavras, mas não tanto quanto em Estilhaça-me, o que eu sou absurdamente grata, porque as vezes aquilo me irritava profundamente. A diagramação está perfeita, e a Novo Conceito fez um bom trabalho, encontrei alguns errinho de digitação, mas nada que chegue a ser gritante (provavelmente vocês encontrarão alguns na resenha também). A capa, apesar de não ter agradado praticamente ninguém, não me incomodou, mas ainda prefiro a americana que é cem vezes melhor. E se eu já havia recomendado Estilhaça-me para esse eu sugiro que você abandone todas as suas leitura e se agarre a ele assim que possível, não vai se arrepender pode ter certeza. 

Perturbador e surpreendente!

Quotes do Livro:

"É o beijo dos beijos que nos faz perceber que o oxigênio não é tão importante quanto dizem."

"Os Livros... Eles me ajudam a não perder completamente a cabeça."

"Não sei mais como odiá-lo. Embora eu queira. Quero mesmo e sei que deveria, mas não consigo"

"Amizade não é uma coisa que eu já vivenciei. Nem como criança, nem agora."

Júh

              Zanotti