quinta-feira, janeiro 25, 2018

[Resenha] Coluna de Fogo - Ken Follett

Coluna de Fogo
Os Pilares da Terra #3
Autor: Ken Follett
Editora Arqueiro
816 Páginas
Skoob


Sinopse: Em 1558, as pedras ancestrais da Catedral de Kingsbridge testemunham o conflito religioso que dilacera a cidade. Enquanto católicos e protestantes lutam pelo poder, a única coisa que Ned Willard deseja é se casar com Margery Fitzgerald. No entanto, quando os dois se veem em lados opostos do conflito, Ned escolhe servir à princesa Elizabeth da Inglaterra. Assim que Elizabeth ascende ao trono, a Europa inteira se volta contra a Inglaterra e se multiplicam complôs de assassinato, planos de rebelião e tentativas de invasão. Astuta e decidida, a jovem soberana monta o primeiro serviço secreto do país, para descobrir as ameaças com a maior antecedência possível. Ao longo das turbulentas décadas seguintes, o amor de Ned e Margery não arrefece, mas parece cada vez mais fadado ao fracasso. Enquanto isso, o extremismo religioso cresce, gerando uma onda de violência que se alastra de Edimburgo a Genebra. Protegida por um pequeno e dedicado grupo de talentosos espiões e corajosos agentes secretos, Elizabeth tenta se manter no trono e continuar fiel a seus princípios. Coluna de fogo é um dos livros mais emocionantes e ambiciosos de Ken Follett, uma história de espiões ambientada no século XVI que vai encantar seus fãs de longa data e servir como o ponto de partida perfeito para quem ainda não conhece seu trabalho.
Ken Follett é um dos meus autores preferidos, mas tenho que dizer que quando se trata da série Pilares da Terra ele se torna ainda melhor. Contudo quando ao ler Coluna de Fogo senti um certo incomodo, tive a impressão que a narrativa era apenas mais do mesmo. O que quero dizer é que Follett parece usar uma formula pronta nesse série, um casal apaixonado que por algum motivo não pode ficar junto e que se veem de lados opostos de um dilema histórico, justamente o que acontece em Coluna de Fogo. Mas o livro não é apenas isso, o autor é excepcional quando se trata de aliar a vida de seus personagens a um omento crítico da história da humanidade.

No caso de Coluna de Fogo, Follett começa retratando o preocupante período de transição entre o reinado de Maria I e Elizabeth I. Mas este não é exatamente o centro da história o que mais chama atenção na obra é como Follett apresenta o conflito entre católicos e protestantes. Em um período que a igreja tinha praticamente poder absoluto as inclinações religiosas do monarca no trono era essencial para manter a ordem. Porém, jogos políticos acontecem nos bastidores e por vezes são capazes de orientar os horrores da época sem que nada possa ser feito. É nesse cenário que Ned Willard perde seu grande amor para fé, quando Margery, uma garota religiosa e que acredita fielmente na igreja resolve que seu dever é se casar com outro, ele sabe que sua única alternativa é se juntar a Elizabeth e lutar contra tudo o que ela acredita. Uma história cheia de intriga, com um leve toque policial que promete mostrar a origem e a garra do serviço secreto da rainha da Inglaterra.

Quando comecei a ler este livro eu tive certo receio, apesar da escrita de Follett efetivamente prender o leitor desde a primeira página em poucos minutos de leitura eu já sabia o que iria acontecer em boa parte do livro. Mas não me surpreendi quando Follett provou que é muito mais do que um autor com fórmulas prontas. É totalmente perceptível o quanto de pesquisa foi necessária para que este livro fosse publicado. O autor interliga seus personagens magistralmente, quando você menos espera que poderia haver alguma relação entre dois personagens tão distintos lá vem o autor para nos surpreender.

Durante certo momento de narrativa Follett conseguiu me chocar, ao ponto de eu fechar o livro e não querer continuar a leitura. Me senti traída pelo autor, não conseguia entender como ele poderia ter sido tão frio ao explorar tal cena, me senti enojada, mas me forcei a continuar. Hoje, enquanto escrevo e relembro dessa cena não me sinto recuperada dos sentimentos pelos quais passei, mas acredito que isso faz parte de ser um grande autor, chocar e gravar na mente do leitor sua história.

Ter continuado foi a decisão acertada, principalmente porque me senti vingada, pois Follett não economiza em personagens femininas fortes e decididas, sejam quais forem seus objetivos. Alias, ele não economiza em nenhum de seus personagens, todos tem um propósito e são perfeitamente descritos e explorados. Isso poderia tornar a história previsível, seria fácil para o leitor atento saber o que esperar de determinado personagem, mas ao contrário Follett consegue fascinar o leitor com suas reviravoltas. 

O tema central que é a luta religiosa por liberdade de culto chega a ser hipócrita de ambas as partes, tanto do protestantismo quanto do catolicismo, visto que os oprimidos acabam sendo tão cruéis quanto os opressores, independente do favoritismo do momento. Isso mostra como Follett trouxe ao seu leitor uma narrativa sobre intolerância, assunto que pesa ainda nos dias atuais.
"- Talvez seja um bom momento para atacar os protestantes. Infelizmente, a Igreja Católica está na defensiva. A rainha Maria Tudor está perdendo popularidade por causa da situação de Calais. Sua herdeira legítima, Maria Stuart, rainha da Escócia, está prestes a se casar em Paris, e ter um marido francês fará os ingleses se voltarem contra ela." 
Enfim, Coluna de Fogo é mais uma narrativa de Ken Follett que explora as emoções humanas ao mesmo tempo em que narra impecavelmente a história, colocando seus personagens no centro das intrigas políticas de uma época conturbada. A edição da Editora Arqueiro está maravilhosa, os mapas coloridos na contra capa dão m charme a mais. No mais ele pode continuar escrevendo quantos "tijolões" ele quiser, eu lerei todos!

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