[Resenha] O prisioneiro do Céu - Carlos Ruiz Zafón

*Sentada na cadeira olhando para tela sem saber bulhufas do que dizer.

(É assim que me encontro agora 11h50 - 10/10/17)

O prisioneiro do Céu
O Cemitério dos Livros Esquecidos #3
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora Suma de Letras
248 Páginas
Skoob


Sinopse: Barcelona, 1957. Daniel Sempere e seu amigo Fermín, os heróis de A sombra do vento, estão de volta à aventura para enfrentar o maior desafio de suas vidas. Já se passa um ano do casamento de Daniel e Bea. Eles agora têm um filho, Julián, e vivem com o pai de Daniel em um apartamento em cima da livraria Sempere e Filhos. Fermín ainda trabalha com eles e está ocupado com os preparativos para seu casamento com Bernarda no ano-novo. No entanto, algo parece incomodá-lo profundamente. Quando tudo começava a dar certo para eles, um personagem inquietante visita a livraria de Sempere em uma manhã em que Daniel está sozinho na loja. O homem misterioso entra e mostra interesse por um dos itens mais valiosos dos Sempere, uma edição ilustrada de O conde de Montecristo que é mantida trancada sob uma cúpula de vidro. O livro é caríssimo, e o homem parece não ter grande interesse por literatura; mesmo assim, demonstra querer comprá-lo a qualquer custo. O mistério se torna ainda maior depois que o homem sai da loja, deixando no livro a seguinte dedicatória: "Para Fermín Romero de Torres, que retornou de entre os mortos e tem a chave do futuro". Esta visita é apenas o ponto de partida de uma história de aprisionamento, traição e do retorno de um adversário mortal. Daniel e Fermín terão que compreender o que ocorre diante da ameaça da revelação de um terrível segredo que permanecia enterrado há duas décadas no fundo da memória da cidade. Ao descobrir a verdade, Daniel compreenderá que o destino o arrasta na direção de um confronto inevitável com a maior das sombras: aquela que cresce dentro dele. Transbordando de intriga e emoção, O prisioneiro do céu é um romance em que as narrativas de A sombra do vento e O jogo do anjo convergem e levam o leitor à resolução do enigma que se esconde no coração do Cemitério dos Livros Esquecidos.

Acho que é questionamento válido nos perguntarmos porque um livro que gostamos demais é tão mais difícil de resenhar. Sinto que eu poderia comprar vários exemplares dos livros de Zafón e sair distribuindo para as pessoas, simplesmente porque o autor é um dos melhores na minha lista de melhores. E no entanto a pergunta que realmente me faço é: porque demorei tanto para ler O prisioneiro do Céu? Tenho o livro desde o lançamento, já emprestei para algumas pessoas de confiança e com a pilha de livros de parceria ele foi ficando na estante. E confesso que só saiu de seu confortável lugar na prateleira porque a Suma de Letras acaba de publicar O Labirinto dos Espíritos, quarto livro da série O Cemitério dos Livros Esquecidos.  

"Há épocas e lugares em que ser ninguém é muito mais digno do que ser alguém."

Essa demora em ler me prejudicou bastante, principalmente no que diz respeito a um determinado personagem, a verdade é que minha memória de O Jogo do Anjo tem lacunas que só uma releitura poderiam sanar. Mas não pense que isso prejudicou a leitura em si, digo que foi desconfortável para mim pois eu queria lembrar de certos detalhes, mas para qualquer outro leitor que não tenha lido os livros anteriores isso não faria diferença alguma. Como está dito na própria edição apesar de ter uma ordem cronológica na série o novo leitor não vai se sentir lesado ao começar a leitura por qualquer dos livros que escolher, ainda assim eu recomendo que comece do início para se familiarizar com todos os personagens. Particularmente eu gostei de ter iniciado a leitura por A Sombra do Vento, a experiência com O Jogo do Anjo foi totalmente diferente de como seria se eu tivesse seguido a ordem, mas quando eu fizer a releitura seguirei a sequência

Adendo: caso queira ler a obra em ordem cronológica a sequência é a seguinte: O Jogo do Anjo, A Sombra do Vento, O Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos Espíritos.

Em o Prisioneiro do Céu temos uma convergência entre personagens já conhecidos de O Cemitério dos Livros Esquecidos. É neste romance que vamos entender mais sobre o que liga Daniel Sempere, Fermín Romero de Torres e David Martín. Aqui Zafón traz de volta à série o clima que me conquistou em A Sombra do Vento, um ar de mistério misturado ao saudosismo de algo que não existe mais e principalmente o mistério e a magia do Cemitério dos Livros Esquecidos. Se em O Jogo do Anjo o autor conseguiu perder um pouco do meu respeito ele o conseguiu de volta aqui com honra e mérito.

"- Às vezes a pessoa se cansa de fugir - disse Fermín. - O mundo é muito pequeno quando não se tem aonde ir."

Há na escrita de Zafón algo intrínseco com a literatura, a essência de O Cemitério dos Livros esquecidos traz em suas páginas o amor por livros. De forma singela o autor traduz o que nós como amantes da literatura não conseguimos expressar em palavras. Talvez e acredito que não só por isso, a leitura se torne envolvente a cada momento. Eu me peguei sorrindo na rua, e me emocionando no ônibus, cada nova descoberta é algo para nos aproximar mais da história. A forma como Zafón vem montando esse quebra cabeça que é O Cemitério dos livros Esquecidos é fenomenal e tem me deixado a cada livro mais apaixonada pela obra. A cada nova linha compreendemos a profundidade de sua história e de seus personagens, é inevitável não sentir o coração aquecido ao terminar a leitura de cada novo livro dessa obra.

Enfim, depois de tudo isso sinto que sou suspeita para falar sobre os livros dessa série. O Cemitério dos Livros Esquecidos me ganhou desde o primeiro parágrafo, as frases contidas ali são ainda as melhores que já li na introdução de um livro. O prisioneiro do Céu não perde em nada para os livros anteriores e só acrescenta na ligação entre leitor e livro. Záfon é o tipo de autor que não precisa se preocupar e encher linguiça ou ser prolixo, visto que todas as suas palavras e frases trazem significado. Depois de tudo isso acho que só me resta pedir para que leiam e se apaixonem por esta série tanto quanto eu!

"Tudo se perdoa nessa vida, menos dizer a verdade."