[Lendo Shakespeare] Resenha - Romeu e Julieta

Romeu e Julieta
Autor: Willian Shakespeare 
Peguin Companhia (Clássicos) 
248 Páginas 
Skoob


Sinopse: Há muito tempo duas famílias banham em sangue as ruas de Verona. Enquanto isso, na penumbra das madrugadas, ardem as brasas de um amor secreto. Romeu, filho dos Montéquio, e Julieta, herdeira dos Capuleto, desafiam a rixa familiar e sonham com um impossível futuro, longe da violência e da loucura. “Romeu e Julieta” é a primeira das grandes tragédias de William Shakespeare, e esta nova tradução de José Francisco Botelho recria com maestria o ritmo ao mesmo tempo frenético e melancólico do texto shakespeariano. Contando também com um excelente ensaio introdutório do especialista Adrian Poole, esta edição traz nova vida a uma das mais emocionantes histórias de amor já contadas.

A história de Romeu e Julieta não é um grande segredo para ninguém, além de ser a história de amor mais célebre dos últimos séculos é também uma das peças teatrais mais adaptadas de todos os tempos. Portanto, nenhuma surpresa na leitura, ao menos não com seu conteúdo, mas sim com as sensações que a obra me causou.

A forma como passei a compreender o amor desses dois personagens, que por diversas vezes são alvos de crítica, foi intensa. Primeiro que o amor instantâneo, a primeira vista, é um tipo de relacionamento que não enche meus olhos, mas no caso de Romeu e Julieta é como se Shakespeare se projetasse antes para nos fazer acreditar nesse sentimento. Logo em seguida a ira de Romeu contra Teobaldo, combatente que ele tentava apaziguar e que causou a morte de seu melhor amigo é uma da cenas que mais me tocaram. A forma como a cena em si passa o sentimento para o leitor é típico de Shakespeare, acho que esse é um dos seus maiores dons, e creio que quando representado no palco essa peça deve ser ainda mais tocante. O texto me fez acreditar que todos aqueles sentimentos eram reais e esta é a melhor parte desse projeto, poder conhecer e sentir verdadeiramente o que o autor busca passar.

"Ama serenamente, e amarás mais.

Vagaroso é quem for veloz demais.

Eis a donzela. Pés assim suaves

Não desgastam jamais a rocha eterna.

Quem ama pode andar em fios de orvalho,

Flutuantes nas brisas dissolutas,

Nas manhãs de verão, sem despencar.

Levíssima é a vanidade humana.

(Ato II, cena VI)

Outro ponto essencial desta obra, e ouso dizer que de várias outras peças que li, é a inclusão de uma introdução. Através deste recurso podemos nos ambientar com a época que a obra foi escrita, entender sua temporalidade. Além disso, nesta edição em específico, Adrian Poole, responsável pela introdução, nos apresenta diversos personagens e suas características, nos faz compreender melhor o papel de cada um deles na tragédia escrita por Shakespeare.

Algo que me surpreendeu, e que só não esperava na obra por conhecê-la quase superficialmente, é o humor contido em boa parte da narrativa. Romeu e Julieta foi a primeira tragédia escrita por Shakespeare, baseada em um poema de Brooke, contudo essa tragédia trás ares de comédia, principalmente quando Mercucio brinca e debocha com uma linguagem mais vulgar e sexual. Definitivamente isto é algo pelo qual eu não esperava e foi boa a presença dessa leveza diante de tanto sofrimento e sangue.

Enfim, Romeu e Julieta é ao mesmo tempo tudo que eu esperava e uma história surpreendente, queria ter tido a chance de lê-lo sem nada saber da história, infelizmente seria bem extraordinário se isso acontece, visto que estamos falando da obra mais conhecida do maior dramaturgo de todos os tempo. Enfim, recomendo a leitura em especial a edição da Penguin Companhia pela edição completa que nos trás informações introdutórias tanto sobre a história quanto a tradução, bem como notas sobre muitos aspectos da narrativa. Leia e compreenda melhor Romeu e Julieta.