[Resenha] Ligeiramente Maliciosos - Mary Balogh

Hoje é dia de Romance de Época por aqui, apesar de não ser grande fã do gênero eu sempre acabo pagando com a língua quando resolvo ler, sim, Ligeiramente Maliciosos é mais um livro do gênero que eu gostei. Contudo, tenho algumas coisinhas a mais para falar!

Ligeiramente Maliciosos
Os Bedwyn #2
Autora: Mary Balogh
Editora Arqueiro
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Skoob


Sinopse: Após sofrer um acidente com a diligência em que viajava, Judith Law fica presa à beira da estrada no que parece ser o pior dia de sua vida. No entanto, sua sorte muda quando é resgatada por Ralf Bedard, um atraente cavaleiro de sorriso zombeteiro que se prontifica a levá-la até a estalagem mais próxima.
Filha de um rigoroso pastor, Judith vê no convite do Sr. Bedard a chance de experimentar uma aventura e se apresenta como Claire Campbell, uma atriz independente e confiante, a caminho de York para interpretar um novo papel. A atração entre o casal é instantânea e, num jogo de sedução e mentiras, a jovem dama se entrega a uma tórrida e inesquecível noite de amor.
Judith só não desconfia de que não é a única a usar uma identidade falsa. Ralf Bedard é ninguém menos do que lorde Rannulf Bedwyn, irmão do duque de Bewcastle, que partia para Grandmaison Park a fim de cortejar sua futura noiva: a Srta. Julianne Effingham, prima de Judith.
Quando os dois se reencontram e as máscaras caem, eles precisam tomar uma decisão: seguir com seus papéis de acordo com o que todos consideram socialmente aceitável ou se entregar a uma paixão avassaladora?

Minha primeira impressão de Ligeiramente Casados é que eu iria passar muito raiva com a protagonista. Em um primeiro momento ela nos apresenta uma personalidade casta, religiosa e certinha. Afinal de contas ela foi criada por um pastor que tem opiniões bem definidas sobre o que é correto ou não para uma moça, infelizmente na época em que passa a história esse machismo não é uma grande surpresa, e é compreensível a ânsia de Judith por uma aventura. Afinal, ela acredita que sua vida está a um fio de tomar um rumo completamente avesso ao final feliz. Diante das extravagâncias do irmão, e a situação monetária precária que os pais estão vivendo, ela se vê obrigada a viajar até a casa de sua rabugenta tia para que esse não seja o destino de nenhuma de suas irmãs e também para aliviar a situação financeira da família. 

"Sendo realista, Judith só poderia esperar monotonia e trabalho árduo em seu futuro. Nenhum pretendente ou casamento, casa ou família. Estava prestes a se tornar uma dessas mulheres apagadas, abundantes na sociedade, mas que viviam nas sombras."

Sem dote, e prestes a se tornar uma criada ela sabe que todos os seus sonhos românticos nunca irão se concretizar é aí que sua atitude muda bruscamente e ela assume o papel de uma jovem impetuosa, experiente e totalmente independente, que faz o que bem lhe der na telha. O problema é que ao mesmo tempo em que assume esse papel externamente por dentro ela ainda se pergunta se é correto, o fardo de acreditar que é uma garota sem atrativos piora um pouco a situação. Então, nesse primeiro momento da narrativa eu achei bem incoerente a forma como ela se joga nos braços de Rannulf, mesmo que ela não saiba quem ele é. Não condiz com tudo o que ela demonstra ser, o fato dela estar interpretando um papel não fez com que eu me conectasse com o romance.

Contudo, quando a narrativa segue seu rumo e as coisas estão exatamente como são, o livro se tornou muito melhor. Os personagens criados por Balogh neste romance são incríveis, independente de qual o papel que eles representam na história. Neste ponto destaco a avó de Judith, ela me fez dar boas risadas, é um exemplar nada típico de avó, e uma senhora muito divertida e cheia de vida. Porém, me senti triste por ela não intervir mais energicamente na situação de Judith na casa, apesar de ter um carinho pela neta ela não faz muito para que as coisas melhorem. Rannulf é um caso a parte, e neste segundo momento conhecemos mais sobre ele. Apesar do jeito teimoso que todos os Bedwyn tem como característica, ele também é um homem sensível e altruísta, e seu maior ponto fraco é a avó que tanto ama e que quer ver o neto casado e feliz. Então, por mais que seus desejos sejam seguir sua vida em eterna solteirice ele passa aos poucos a entender que precisa tornar-se um homem de verdade e começa a se dar conta das responsabilidades que vem com esse amadurecimento.

O romance vai ganhando forma, mas de jeito sutil, não há rompantes de amor, e nem cenas constantes de sexo, o que desde o primeiro livro senti ser uma marca registrada da autora, acho que este é um dos motivos por ter me assustado com o início de Ligeiramente Maliciosos que é bem mais hot. A autora desenvolve o romance no decorrer da história, sem pressa, ele fica quase em segundo plano diante de todas as situações que a protagonista precisa enfrentar. Judith se torna uma personagem "apagada", mas os momentos em que traz sua luz à vida torna-se fascinante ver como ela realmente é, e neste momento percebemos que em seu âmago ela tem um pouco de Claire (o nome que inventou para si no começo) e de Judith, e que ambas as personalidades estão presente em sua essência.

O mais interessante na escrita de Mary Balogh não é sua narrativa fluída, mas sim a forma como ela acrescenta discussões que ainda hoje são bastante atuais, ela usa Judith para apresentar a forma como a mulher acaba sendo subjugada por sua beleza, ou por sua condição, a autora conseguiu ao mesmo tempo apresentar um romance muito bem feito e fazer uma critica social bastante plausível. Enfim, Ligeiramente Maliciosos é um romance de época como todos os romances de época, cheio de clichês, mas ainda mais delicioso de ler do que qualquer outro que eu tenha lido anteriormente. O próximo livro da série, Ligeiramente Escandalosos, traz Freya como protagonista e não vejo à hora de saber mais sobre sua história, afinal de contas ela é uma das personagens mais intrigantes de todos os Bedwyn, o bom é que ele sai ainda esse mês, estou contando os dias para chegar aqui. No mais vocês já devem ter percebido que eu super indico essa série deliciosa de ler né?!

Melhores Quotes:

"Sonhos e realidade nunca se misturavam. Porque aquele sonho em particular, o mais glorioso de sua vida, acabara batendo de frente coma realidade que vivia?"

"- Gosto do modo como ergue seu queixo, como se desafiasse o mundo a mostrar o que tem de pior. Acho que é nesses momentos que a verdadeira Judith Law sobe ao palco."

"A beleza não é menos bela porque alguns homens se comportam mal em sua presença."

"Insegurança, duvida e ansiedade eram emoções totalmente novas para um homem que cultivara o tédio e o cinismo por toda a vida adulta."

''[...] O amor não é físico, mental ou emocional. É maior do que qualquer uma dessas coisas. É a verdadeira essência da própria vida, não concorda? Esse grande mistério que não se pode expressar, que passamos a compreender melhor através da descoberta do ser amado.''