[Resenha] Ligeiramente Perigosos - Mary Balogh

Ligeiramente Perigosos

Os Bedwyn #6

Autora: Mary Balogh

Editora Arqueiro

Skoob

 

Sinopse: Aos 35 anos, Wulfric Bedwyn, o recluso e frio duque de Bewcastle, está ávido por encontrar uma nova amante. Quando chega a Londres, os boatos que correm são os de que ele é tão reservado que nem a maior beldade seria capaz de capturar sua atenção.
Durante o evento social mais badalado da temporada, uma dama desperta seu interesse: a única que não tinha essa intenção. Christine é impulsiva, independente e altiva – uma mulher totalmente inadequada para se tornar a companheira de um duque. Ao mesmo tempo, é linda e muito, muito atraente.
Mas ela rejeita os galanteios de todos os pretendentes, pois ainda sofre para superar as circunstâncias pavorosas da perda do marido. No entanto, quando o lobo solitário do clã Bedwyn jura seduzi-la, alguma coisa estranha e maravilhosa acontece. Enquanto a atração dela pelo sisudo duque começa a se revelar irresistível, Wulfric descobre que, ao contrário do que sempre pensou, pode ser capaz de deixar o coração ditar o rumo de sua vida.
Em Ligeiramente Perigosos, o sexto e último livro da série Os Bedwyns, Mary Balogh conclui a saga desta encantadora família em uma trama repleta de cenas sensuais, tiradas espirituosas e personagens à frente de seu tempo. Ao unir um homem e uma mulher tão diferentes, ela mostra que o resultado só poderia ser um par perfeito.

Quando se trata de séries do gênero romance histórico em que cada livro retrata a história de determinado personagem é quase impossível não sentir certa curiosidade sobre um protagonista em especifico. No caso de "Os Bedwyns" eu tive dois ou três que me deixaram curiosa, mas nenhum tanto quanto Wulfric Bedwyn. Com uma personalidade séria que beira a arrogância Wulf passou todos os livros mostrando que tinha algo mais. Sendo a sustentação dos irmãos e tendo que assumir o título de Duque de Bewcastle muito cedo ele cresceu para se tornar um homem imponente, que raramente demonstra contentamento e nunca sorri. Discreto e poderoso Wulfric não acredita que possa ter um relacionamento tão intenso quanto o de seus outros irmãos que em pouco tempo acabaram todos casados e amarrados a seus conjugues por algo tão fora do alcance de sua vida quanto o amor. Até ele conhecer uma pessoa que vai desafiar toda sua arrogância e seu modo de ver a vida, alguém pra questionar os bons modos que regem a corte.

"Wulfric jamais esperava se apaixonar. Com certeza nunca esperara se apegar a alguém tão inadequado"

Christine é uma viúva que se casou muito jovem e por amor, porém a ilusão de que seu casamento seria perfeito acabou se desfazendo com o tempo. Ciumento e inseguro seu falecido marido transformou uma relação maravilhosa e simples em um verdadeiro tormento, tudo pela personalidade espontânea e desimpedida da jovem. Impulsiva, carismática e nem um pouco dada aos costumes da corte Christine acabou se tornando um pequeno escândalo e envergonhando as pessoas que antes acreditavam serem seus amigos. Porém nada disso é intencional e ela nunca fez a menor ideia de onde todos os boatos podem ter vindo, mesmo porque sempre foi fiel ao marido. 

Em consequência de seu passado ela decide que a vida em sociedade não serve a ela e prefere viver junto de sua família e vizinhos queridos. Mas sua melhor amiga não vai permitir que Christine se esconda, não quando ela precisa de alguém para igualar o número de damas do baile de noivado que está planejando e muito menos quando o Duque de Bewcastle se tornou um convidado inesperado. Sem saída Christine aceita o convite, sabendo que com isso será obrigada a enfrentar os familiares de seu falecido marido que não estão nem um pouco dispostos a aceitar sua personalidade espontânea e muito menos irão tolerar que a jovem desgrace a família ainda mais.

" A Sra. Derrick espalhava luz, apesar das sobras que ele vira nela de relance."

Depois de se ver envolvida em uma aposta que não a agrada nem um um pouco eu esperava que Christine fosse exatamente o que se propôs a ser, mas é perceptível que em alguns momentos ela se torna desafiadora e orgulhosa. Algo que acontece inconscientemente. Apesar de pregar sua inocência quanto mais se a proxima de Wulfric, mais provocadora ela fica e em alguns momentos a inocência dela não chegava a me convencer, senti que ela queria fazer parte do jogo e não se manter distante como disse planejar, mas isso acabou por não me abalar.

Eu sabia que Bewcastle nunca poderia me decepcionar e Christine é um contraste tão grande com relação ao Duque que a história acaba se tornando além de um romance, uma comédia espetacular. As situações hilárias e a forma como a protagonista faz Wulf sair do seu sério e parecer um homem mais humano é maravilhosa. Como ele mesmo diz em determinado momento:

 " - Sou homem além de duque, Sra. Derrick - disse ele. Christine desejou que ele não tivesse dito aquilo. Foi como se um punho gigante houvesse lhe dado um soco na barriga, lhe roubando todo o ar dos pulmões e a força das pernas.   

- Eu sei. - Ela estava sussurrando. Então pigarreou. - Eu sei.   

- E a senhora não foi indiferente a esse homem - continuou o duque.   - Eu sei."

Obviamente que em muitos momentos Bedwyn me deu muita raiva. Ele é o estereótipo da mente fechada e limitada da sociedade londrina de séculos anteriores ao nosso. Pelo menos a forma tradicional, fria e arrogante como Wulfric vê a vida e a sociedade vai sendo abalada aos poucos, não que ele mude totalmente, já que ser frio e determinado é tudo que ele aprendeu a ser, mas Christine consegue instigar um lado mais leve no Duque que o deixa muito apaixonante. E para tudo melhorar há a família dele, durante toda a série aprendemos a gostar das particularidades de cada um, e aqui eles aparecem para retribuir tudo o que Wulfric fez por eles mesmo que nunca tenha pensado muito nisso. É maravilhoso vê-los todos juntos e como são unidos.

Essa série abordou muito do tradicionalismo da época usando de mulheres determinadas, fortes e decididas, principalmente entre as Bedwyn, para apresentar a sociedade que julgamos falha e que ainda hoje precisa ser melhorada, tornar-se mais igualitária. Mary Balogh, brinca sarcasticamente com uma sociedade machista e não tem receio de mostrar que em suas histórias  machismo é motivo de riso e desprezo, apesar de toda representação dessa sociedade. Sarcasmo é sua dose mais bem trabalhada, e torna a leitura apaixonante e suas personagens desafiadora. Ligeiramente Perigosos é leve, gostoso, hilário, e por fim: sensacional.

Enfim, este foi um livro que fechou a série muito bem, mas que terminou me deixando um pouco triste, mas só porque eu tinha que me despedir. É tão cruel se acostumar com personagens, apaixonar-se por eles e trazê-los um pouquinho que for para nossa vida e ter simplesmente que se despedir. Mas tudo bem, Mary Balogh ainda tem muitas outras histórias maravilhosas para contar e com certeza já é uma das minhas autoras preferidas do gênero. LEIAM ESSA SÉRIE PELO AMOR DE...bom de quem vocês quiserem, mas leiam!