terça-feira, março 07, 2017

[Resenha] Cinder - Marissa Meyer

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKy_kMjUU8N37r-3KzgR1b5kE_H6fIFwvPXXPD8tow28ozHEncM4lVvDKhv8N2ZXW6Xo6Hdfs4qxOY4IEFAGL_Zhm39_FSAI-Amus_m4oCVDNz_fldqNPn3QzTdok4dxjHu_zu4B2i7rA/s1600/CINDER.jpgCinder
Crônicas Lunares #1
Autora:
Marissa Meyer
Editora Rocco
448 Páginas
Skoob


Sinopse: Num mundo dividido entre humanos e ciborgues, Cinder é uma cidadã de segunda classe. Com um passado misterioso, esta princesa criada como gata borralheira vive humilhada pela sua madrasta e é considerada culpada pela doença de sua meia-irmã. Mas quando seu caminho se cruza com o do charmoso príncipe Kai, ela acaba se vendo no meio de uma batalha intergaláctica, e de um romance proibido, neste misto de conto de fadas com ficção distópica. Primeiro volume da série Crônicas Lunares, Cinder une elementos clássicos e ação eletrizante, num universo futurístico primorosamente construído.

O que esperar de uma história que se baseia em um dos contos de fadas mais conhecidos em todo mundo? Previsibilidade é a palavra que me vem a mente e não estava errada, contudo Marissa Meyer conseguiu utilizar-se de pontos já conhecidos do conto da gata borralheira e ainda assim transformá-lo em algo novo. Por muito momentos durante a leitura eu acreditava saber como as coisas se desenrolariam, mas de repente a autora inclui ou exclui um detalhe ou outro que me deixava surpresa, a forma como Meyer se propôs reinventar Cinderela transformou Cinder em uma leitura clichê, previsível mas ainda assim deliciosa de acompanhar e no fundo bem surpreendente.

Aos 11 anos Cinder precisou passar por uma cirurgia que a modificou quase que completamente, sem memória de seu passado antes do momento em que se tornou ciborgue ela vive hoje com a madrasta e duas "meias-irmãs". Sendo a melhor mecânica da comunidade ela é procurada pela filho do rei para consertar um androide, que ele julga de tremenda importância, mas antes que seu trabalho seja concluído sua vida começa a virar de cabeça para baixo. A Letumose, uma doença que não tem cura, espreita pelas ruas e pessoas queridas são tiradas do convívio social. Cinder por incrível que pareça é imune a doença, mas essa não é a única coisa sobre si que ela não sabe. Depois que uma de suas irmãs contrai a letumose sua madrasta a culpa e a voluntaria como cobaia. Em meio a doença e uma iminente guerra Cinder pode descobrir que é a única esperança em vários sentidos. O problema é descobrir em quem confiar e como mudar o destino que parece predeterminado para toda a nação.
"Mas se havia uma coisa que ela aprendera ao longo dos anos como mecânica era que certas manchas nunca saíam."
Não sei bem o que eu esperava quando solicitei o primeiro livro de As crônicas Lunares para ler, mas definitivamente não era uma história como a que encontrei. Apesar de clichê, como já disse anteriormente, Cinder trás uma narrativa com referencias sutis, uma distopia que une romance e ficção científica, uma mistura maluca que no fim deu super certo. O mais gostoso dessa narrativa é que mesmo diante da previsibilidade ela consegue surpreender e prender o leitor, por muito momentos eu utilizava as referencias que tenho sobre a história original para antecipar o que estava por vir para que de repente percebesse que sutilmente a autora conseguia inovar sem perder a essência da história de Cinderela. Há um segredo na vida de Cinder que nem a própria conhece, mas a autora da pistas suficientes para que o leitor descubra antes mesmo de qualquer personagem saber a verdade, foi isso que me soou previsível na história, mas nem por isso deixou de ser empolgante quando Cinder finalmente descobre.
"-Eles não têm espelhos porque não querem se ver?
-Vaidade é um fato, mas é mais uma questão de controle. É mais fácil induzir os outros a acreditar que você é lindo se você puder se convencer de que é lindo. Mas espelhos têm um jeito incomum de dizer a verdade."
Mais interessante ainda, e que colabora muito para o ritmo dinâmico da narrativa, é que mesmo diante de tanta tecnologia a autora consegue transformar os momentos técnicos em algo simples, e para mim como leiga, isso funcionou maravilhosamente bem. Infelizmente, algumas explicações a cerca da ambientação acontecem superficialmente, mas nada que atrapalhe a compreensão do leitor. A narrativa em terceira pessoa pelo ponto de vista de Cinder e do príncipe Kai mostra dois lados de uma mesma moeda, e conforme a narrativa se desenvolve nos vemos completamente envolvidos com os personagens. É isso que eu chamo de empatia e Meyer fez um trabalho brilhante nesse quesito. Mesmo seus vilões foram muito bem desenvolvidos e causam asco no leitor, nos deixando ansiosos pelo que vem pela frente, porque sinceramente eu acho que Levana e a madrasta são só o começo.

Me diverti em diversos momentos e definitivamente estou curiosa com o desenrolar da série, que me fez rir, chorar (sim sou manteiga derretida) e torcer muito para que no fim as coisas dessem certo, principalmente porque é angustiante ver as cenas de humilhação pelas quais Cinder passa, nos faz pensar como as pessoas podem ser cruéis e como o preconceito é despropositado e só existe pelo medo do desconhecido. Inicialmente estava acreditando que cada livro da série seria sobre uma protagonista e apesar de não estar de todo errada tenho que deixar registrado que a história de Cinder não se encerra nesse arco do primeiro livro e que no decorrer da série as histórias irão se interligando. Talvez por estar esperando o contrário o ritmo no final do livro tenha parecido um pouco mais lento para mim, as revelações as quais citei que a autora deixa pistas são apresentadas bem no fim e confesso que queria ver algumas reações a ela, mas acho que isso fica para o próximo livro.
"Ela estava contente que lágrimas não revelariam sua humilhação. Contente que nenhum sangue em seu rosto revelaria sua raiva. Contente que seu odioso corpo de ciborgue servia para alguma coisa enquanto ela se agarrava a sua dignidade despedaçada."
Enfim, Cinder é uma história  previsível, clichê e até mesmo causa certa angustia, mas com certeza é uma delícia de leitura, não necessariamente nesta ordem. A edição segue o padrão da Editora, sendo que o tamanho dos livros é um pouco menor do que estamos acostumados, achei a fonte e o espaçamento bem confortáveis e não encontrei erros de revisão. A capa obviamente tem muito a ver com a história e já faz uma inferência com o conto no qual foi baseado. No mais, tudo que posso fazer é indicar e pedir para que você leiam o mais rápido possível.

Um comentário:

Obrigada pelo comentário, ele será respondido assim que possível :)