Autora: Valérie Zenatti128 páginasSinopse: Um homem-bomba se explodiu dentro de um café em Jerusalém. Seis corpos foram encontrados. Uma garota, que se casaria naquele dia, morreu junto com o pai "algumas horas antes de vestir seu lindo vestido branco". E Tal não consegue parar de pensar em tudo isso.Tal é uma israelense que, como toda garota de dezessete anos, vive suas primeiras experiências - o primeiro grande amor, as primeiras escolhas profissionais e também o primeiro atentado. Depois de vivenciar esse momento trágico, ela escreve uma carta a um palestino imaginário, coloca em uma garrafa e pede ao irmão, que presta o serviço militar perto de Gaza, para lançá-la ao mar. Algumas semanas depois, recebe a resposta de um certo "Gazaman"...
Existem livros que não precisam de muito para chamar a atenção do leitor, às vezes apenas o título é suficiente. Este foi o meu caso com "Uma Garrafa no Mar de Gaza". Não me lembro exatamente qual foi meu primeiro contato com este livro, o que sei é que faz anos que tenho vontade de lê-lo, felizmente e graças ao Skoob a oportunidade chegou, devido a uma troca recebi o livro em casa há algum tempo. Por ter muitas leituras de parceria não tão leves assim acabei deixando ele de lado por uns dias até que finalmente pude dar uma pausa e mergulhar na leitura. O que eu não esperava é que fosse lê-lo tão rápido, sim o livro é fino, mas eu acreditava que ia precisar de um tempo maior para absorver toda a história. O fato de ter lido rápido poderia ser visto como ruim, se não fosse por eu ter ficado tão imersa na leitura.
Uma Garrafa no mar de Gaza conta a história de Tal, uma jovem Israelense criada com a noção de que a Guerra entre seu país e os Palestinos é no mínimo desumana. Ela tem consciência que ambos os lados sofrem com a guerra. Contudo, sua maior dificuldade é discernir como o povo Palestino realmente vive na sua parcela de mundo: a Faixa de Gaza. Sendo assim, ela escreve uma carta e resolve colocá-la em uma garrafa. Seu irmão um soldado Israelense é o responsável por jogá-la ao mar. A esperança de Tal é que a garrafa vá parar nas mãos de uma jovem, de preferência de sua idade. Mas quando recebe uma resposta ela é praticamente anônima, já que seu correspondente se identifica como Gazaman. Obviamente que é um garoto e diferente de Tal ele não é dado a esperanças. A partir daí teremos um vislumbre de como a guerra pode afetar dois povos e dois jovens de maneira tão diferentes.
"Cresci com a ideia de que entre os palestinos e nós poderia haver outra coisa além de corpos dilacerados, sengue e ódio."
Eu obviamente tinha grandes esperanças de que este seria um livro excelente, daquele tipo que nos faz pensar por dias no drama retratado nas páginas, e este é justamente o caso. Acompanhar a história de Tal e Gazaman é bastante esclarecedor. Confesso que não sei muito sobre a história e as lutas de ambos os povos, mas o livro me deu uma boa visão de como tudo funciona. Aos poucos os dois personagens acabam se entendendo de uma forma interessante. Através da troca de e-mails entre eles podemos perceber seus sentimentos, suas revoltas, medos e ideais. Gazaman que parecia tão desesperançado com os acontecimentos, que nem mesmo queria se identificar no início, aos poucos mostra sua essência. A ligação entre ele e Tal se torna tão forte que torcemos por um final feliz, mesmo diante do medo de que algo terrível possa acontecer. Aliás, a escrita da autora causa tanta empatia no leitor que é possível sentir-se apreensivo, indignado e feliz conforme os sentimentos dos personagens.
"Algumas pessoas veem o mal em toda parte, você vê esperança em toda parte: na tevê, numa garrafa, até numa lixeira, talvez. Alguém aponta para o céu escuro e você diz: "Oh, como é bonito, esse céu cor-de-rosa!". Alguém aponta para um campo de espinhos, você começa a procurar uma flor. "Oh! Veja, uma florzinha! Um sinal de esperança!" Tenho certeza de que até um filme japonês legendado em coreano você seria capaz de reconhecer a palavra "esperança"."
A narrativa epistolar ocorre na maior parte do livro, exceto quando ela alterna para nos apresentar o momento que Tal e Gazaman estão vivendo, são passagens raras, mas que nos dão uma melhor visualização do entorno e da ambientação da obra. A história não se sustenta apenas com os protagonistas, através da troca de mensagens entre eles podemos visualizar outros personagens, que mesmo não tão presentes e desenvolvidos são muito bem representados. De forma singela a autora conseguiu transmitir o horror da guerra e a esperança contida na vida de seus personagens, é perceptível a sensibilidade de Zenatti ao tratar de um assunto que muitos já ouviram falar, mas que poucos dão a devida atenção. Meu único problema com a história em si é que eu queria mais, quero mais, mas pelo que sei isso vai ficar só na minha imaginação mesmo. Para quem não sabe há um filme baseado na obra. Eu já o vi, mas não é a mesma coisa, não passa o mesmo sentimento, há diferenças demais na trama, mas apesar disso vale a pena conferir, caso não queira ler.
Enfim, eu poderia passar horas aqui falando sobre esta obra e ainda assim ia sentir que deixei passar algo. Uma garrafa no Mar de Gaza é uma história profunda em sua singeleza, daquelas que nos deixa pensando por dias. É uma história que todo leitor deveria ler. A edição é simples, as letras são grandes e os capítulos bem curtos o que colabora para a leitura rápida. A capa é baseada no filme, mas apesar disso é bem bonita. No mais, corre na livraria pelo amor de Deus!
"Um dia vocês, nós, perceberemos que, na violência, não há vencedor possível, que esta é uma guerra de perdedores. Um desperdício."
"Não, não, não, tudo isso é impossível porque não é lógico, porque não pode acontecer no mundo real. No mundo real, não posso ir bater na porta de Tal Levine, mesmo que tenha seu endereço, não posso dizer a ela: ‘Oi, sou eu, fiquei com vontade de conhecer você de verdade, você gostaria de tomar um café comigo?’. No mundo real, só pode haver eu de um lado, ela do outro, nossos dois povos se odeiam e se disputam, somos o Romeu e a Julieta do terceiro milênio, mas não há ninguém para escrever nossa história."
Oi Ju, sua linda, tudo bem?
ResponderExcluirSempre há vítimas em ambos os lados em uma guerra, achei muito legal a autora mostrar a perspectiva dos dois, os medos, as expectativas, a realidade de cada lado. Não conhecia o livro e nem o filme, mas acredito que irei me me emocionar, esse tema mexe muito comigo. Sua resenha ficou ótima!!!
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/
Nossa...
ResponderExcluirNão conhecia o livro e não sou muito de ler livros com temas de guerras. Mas, embora não faça muito o meu estilo de leitura sua resenha me fez ficar mais do que curiosa com a história e querendo ler. Entrou para a lista de desejados - é um livro que vou arriscar saindo da minha zona de conforto, mas que eu espero gostar pelo menos um pouquinho como você gostou.
Beijinhos,
Lica
Amores e Livros
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirNão entendo ainda como não conhecia esse livro, porque tipo, eu adoro livros com cenários de guerras, gosto da narração, de ver o que os personagens enfrentaram nesse universo tão sofrido e como superaram os obstáculos (se é que superaram). A sua resenha me chamou muita atenção para esse livro e confesso que já estou doidinha querendo ler. Espero que eu goste tanto quanto você gostou.
beijinhos.
https://leiturize-se.blogspot.com.br
Nossa eu estou totalmente louco para ler esse livro. Bem curtinho e com uma temática que me interesso bastante. Infelizmente em uma guerra não há vencedor, os dois lados perdem!
ResponderExcluirEnfim, gostei da dica da vez e já estou doido para conferir.
www.estupefaca.com
Olá,
ResponderExcluirTambém não entendo muito sobre os conflitos envolvendo ambos os povos, mas acredito que o livro seja esclarecedor em alguns pontos.
Desconhecia a obra e fiquei intrigada para saber o que cada carta continha e se eu ficarei imersa na trama assim como você.
http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/