[Resenha] Ligeiramente Pecaminosos - Mary Balogh

Ligeiramente Pecaminosos

Os Bedwyns #5

Autora: Mary Balogh

Editora Arqueiro

272 páginas

Skoob

Sinopse: Em meio à Batalha de Waterloo, lorde Alleyne Bedwyn é ferido e dado como morto pela família. Ao acordar, ele se vê no quarto de um bordel sem lembrar quem é ou como foi parar ali. Sua única certeza é que deseja conquistar o coração do anjo que cuida dele todo dia.

Contudo, assim como ele, Rachel York não é quem parece. Depois de enfrentar uma situação difícil, que a levou a viver numa casa de pecados, agora a bela e inteligente jovem precisa recuperar seu dinheiro e as economias das amigas prostitutas, roubados por um falso clérigo. E o belo soldado de quem vem cuidando parece perfeito para se passar por seu marido e ajudá-la em seus planos.

Porém, apesar de ter perdido a memória, Alleyne não perdeu nada de sua sedução. De volta a Londres, os dois se envolvem em um escândalo pecaminoso e, a cada beijo, esquecem que seu relacionamento é apenas uma farsa e ficam mais perto de se entregar à paixão.

Neste quinto livro da série Os Bedwyns, Mary Balogh apresenta um romance repleto de humor, com personagens carismáticos que o leitor não conseguirá abandonar ao fim da história.

Desde que comecei a ler a série posso dizer que esta família já me fez passar por diversos sentimentos, mas o mais marcante é a sensação de fidelidade que se tornaram marca registrada dos Bedwyns. Obstinados, cheios de vida e propensos a confusão e escândalos eles definitivamente conseguiram me conquistar e eu esperava que a história de Alleyne não deixasse a desejar. Durante a leitura da série pude ter bons vislumbres do personagem principal de Ligeiramente Pecaminosos e estava curiosa com sua história, mas sou obrigada a dizer que no início me senti bastante decepcionada com o que encontrei o que foi um balde de água fria nas minhas expectativas, mas vou lhes explicar tudo com calma.

Alleyne Bedwyn um rapaz cheio de vida e o mais jovem dentre os homens da família não precisaria mover um dedo sequer durante toda a vida para viver confortavelmente, contudo não se sente bem diante da ociosidade. Almejando ser um futuro diplomata Alleyne trabalha para Charles Stuart e durante a batalha de Warlteloo é designado como mensageiro de uma carta que deve ser entregue no frot de batalha. Depois de cumprida a missão e enquanto retorna para Bruxelas preocupado em proteger a irmã mais nova que avistara a pouco nos portões de Namur cuidando dos feridos ele acaba ferido por uma bala e em sua pressa não para sequer para cuidar do próprio ferimento. Na confusão que se tornou a floresta de Soignes o cavalo de Alleyne assustado acaba o derrubando.

"- Londres pode esperar, da mesma forma que Drummond - anunciou Alleyne, sorrindo para eles. - Assim como minha memória e minha antiga vida. No entanto, por mais estranho que pareça, e isso de certo modo é alarmante, tenho a sensação de que a presente vida não é muito diferente da antiga. Estar envolvido com pessoas loucas em esquemas loucos me parece natural..."

Enquanto isso, em mais uma das ideias mirabolantes de suas amigas, Rachel York se encontra vagando pela floresta com a intenção de pilhar corpos e conseguir algo de valor, já que se sente responsável pelo roubo que suas amigas foram vítimas. Mas ao se deparar com um jovem que julgava morto toda sua determinação em pilhar vai por água abaixo e essa ideia fica ainda mais distante quando descobre que ele está vivo e que se não for socorrido com pressa não demore muito para sucumbir à morte. Sedo assim, é ela que socorre Alleyne Bedwyn, porém quando o jovem finalmente acorda e se vê acomodado em um bordel e não faz a menor ideia de quem seja a pancada na cabeça lhe levou a memória sobre sua identidade.

É em meio a essa confusão que os personagens desta obra se encontram e tudo ficará ainda mais confuso quando o plano para reaver as economias roubadas for posto em prática. Bom, inicialmente tive sérios problemas com este livro. A sensação de que a história se arrastava era palpável, além disso, Alleyne estava me decepcionando como personagem. A falta de memória do personagem exclui a família de boa parte da narrativa e me senti incomodada e saudosa da audácia dos Bedwyns. Apesar da tentativa da autora de manter Alleyne uma pessoa atrevida e charmosa eu simplesmente não consegui encaixar o personagem apresentado aqui com o que conheci nos outros livros, era como se algo estivesse faltando e a verdade é que estava mesmo, não é? Alleyne parece mais Alleyne quando está com sua família. 

"Não tinha como saber naquele momento que tipo de homem havia sido. Mas o homem que era agora estava pronto para assumir as rédeas da própria vida e fazer exatamente o que quisesse."

Já Rachel me deu bastante preguiça, no início da história ela até me pareceu ser uma boa protagonista, mas com o desenrolar de sua história e quando a sua relação com o tio é revelada eu só consegui vê-la como uma mulher carente, que não sabe lidar com os próprios sentimentos e que resolveria tudo se ao em vez de fazer birra e parecer mimada conversasse sobre seus problemas. Infelizmente ela acabou se tornando muito cansativa.

"Abandonaria o mal humor e a culpa.Estava mortalmente enjoada de ambos. Ela jamais conseguiria mudar o passado. Viveria o presente e moldaria o futuro o melhor que pudesse."

Como casal Alleyne e Rachel não convencem no início, não consegui ver ali a forte tradição dos Bedwyns de amarem profunda e verdadeiramente. O romance parecia vago e forçado, só para que Alleyne também encontrasse a felicidade e o amor verdadeiro assim como todos os irmãos, mas quando algo que esperei pela história toda acontece comecei a perceber que estava enganada. Há sim sentimento ali, mas a falta de perspectiva e memória de Alleyne fosse um impedimento para que se tornasse algo mais intenso. O bom humor desta narrativa fica por conta das amigas de Rachel, elas são prostitutas com o sonho de se tornarem respeitáveis donas de pensão, porém este sonho lhes é tirado quando todas as suas economias são levadas embora por um falso clérigo. Sem deixar se abalar elas fazem piada sobre a situação e criam planos mirabolantes a fim de encontrar o patife e fazê-lo pagar. São mulheres ao mesmo tempo calejadas e humanas, que me fizeram rir muito, mas que também me ensinaram um pouco sobre amizade e fidelidade.

A história começou a me conquistar mais para a metade do livro, quando Alleyne começa a ter sonhos, sensações e pequenas “lembranças” sobre sua antiga vida. Quando o plano principal dos personagens é posto em prática a narrativa finalmente começa a se desenvolver de forma gostosa, mesmo que seja neste momento que Rachel se torne mais intragável. A verdade é que são tantos personagens incríveis que conheci que foram capazes de ofuscar minha irritação com a protagonista e que me ajudaram a chegar ao fim da história que Rachel já não era tão importante, mesmo que ela quase me fez desistir da leitura no início. Um ponto que quero destacar é sobre a parte sensual do livro, que em comparação com os outros é bem leve e quase não acontece o que me deixou imensamente feliz, principalmente porque quando acontece é delicado, e julgo isso algo importante como leitora.

Enfim, Ligeiramente Pecaminosos não é o melhor livro da série, não me conquistou logo de cara e até me decepcionou no início, mas com certeza é um livro que vale a pena insistir na leitura. Então se você acompanha a série não se desanime e vá com força e fé que com certeza vai valer a pena. No mais a Editora Arqueiro como sempre está de Parabéns pela edição bem trabalhada e simples, não encontrei problemas com revisão e nem tradução, a fonte e espaçamento são bem confortáveis. Acho que isso é tudo por hoje pessoal, agora só falta aguardar pela conclusão da séria e a tão esperada história do frio e arrogante Wulfric Bedwyn, o duque Bewcastle!

"- Eu sei quem você é - falou Rachel - Não sei o que foi sua vida. Não conheço nenhuma história sua a não ser as que compartilhei. Mas sei que você é um homem cheio de vida, de riso, generosidade e ousadia. Não acredito que suas qualidades essenciais tenham mudado. Você ainda é você. E testemunhei sua coragem desde que o conheci.. Em momentos como esse você pode achar que vai desmoronar e deixar a vida passar como algo sem sentido, que você não valoriza mais. Porém, sei que vai superar, porque conheço você. Sim, eu conheço. Gostaria de poder chamá-lo pelo primeiro nome, pois é algo importante, torna-se parte da identidade da pessoa. Ainda assim, eu conheço você."