[Poema] O Corvo - Edgar Allan poe

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O Corvo foi a primeira obra de Edgar Allan Poe que me dispus a ler e mesmo não tendo me esgueirado muito pelos cantos de sua literatura posso afirmar sem erro que é e continuará sendo minha obra preferida do autor. Não me julgo grande entendedora de métrica, estrutura e quaisquer outras denominações que tenham a ver com poesia, contudo sou como qualquer ser humano suscetível ao sentimento e é nisto que essa resenha se baseia, sem grandes pretensões. 

Em O Corvo, Poe, nos apresenta em uma narrativa lírica, poética e cheia de significado em que um homem atormentado pelo luto recebe a visita de um corvo que lhe rouba toda a esperança. Todas as perguntas mais profundas de seu coração são respondidas pelo visitante alado com um definitivo "Nunca Mais", já depressivo e esgotado da vida o homem se fecha em si mesmo jogado a desesperança. O Corvo representa toda a dor do luto e o infortúnio de um futuro que ele já não consegue mais vislumbrar.

Se nos atássemos apenas ao teor sombrio da obra que é representado em uma narrativa lírica e poética já seria o suficiente para fazer deste breve poema algo intenso. Porém, há mais em Poe, e eu estou a pouco de descobrir que isso é algo costumeiro em sua obra, sempre há mais. Devo começar falando da capacidade do autor de tornar-se íntimo do leitor! Poe é capaz de fazer do leitor parte intrínseca de sua obra. Sentimos suas palavras como se fossem nossa, compreendemos a dor do seu personagem, o pesar pelo luto e principalmente assimilamos a desesperança em suas palavras. Poe nos atinge no âmago com esta obra. É como se estas palavras fossem o sangue que corre nas veias do leitor, algo essencial por aqueles breves minutos.

Devo confessar que poesia geralmente é algo que não me causa empatia, são poucos os autores que conseguem fazer com que eu me conecte com suas palavras. O extraordinário no caso de Poe é que ele não foi apenas capaz de me conectar as suas palavras, mas também ao seu personagem, a dor e o luto. Não tenho memória de algum dia ter compreendido e me conectado com personagens de forma tão completa. Sim, personagens no plural, visto que não só o narrador, mas o corvo e até mesmo Lenore se tornaram algo mais do que meros acasos no poema, tudo ganha vida nas palavras do autor, até mesmo o sombrio, que acaba sendo por si só um personagem.

Além de tudo isso, depois tanto blablabla apaixonado não posso deixar de comentar que cada vez que me proponho a ler esse poema o sinto de forma diferente, é sempre como se tivesse conhecendo algo novo, percebendo e absorvendo novas nuances do autor a cada releitura. Enfim, acredito que não há muito mais o que dizer, a não ser pedir para que leiam e tirem suas próprias conclusões, tenho absoluta certeza que será impossível não ter algo de bom para assimilar desta obra magnífica!