[Resenha] Espada de Vidro - Victoria Aveyard

Como ontem finalmente saiu o vídeo dos contos publicados pela Seguinte de A Rainha Vermelha hoje é dia de resenha de Espada de Vidro, segundo volume da série que prometia e cumpriu ser tudo o que o outro livro era, além de mostrar que Victoria Aveyard não é só uma autora com várias referências.

Espada de Vidro
A Rainha Vermelha #2
Autora: Victoria Aveyard
Editora Seguinte
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Skoob

Sinopse: Se sou uma espada, sou uma espada de vidro, e já me sinto prestes a estilhaçar.

O sangue de Mare Barrow é vermelho, da mesma cor da população comum, mas sua habilidade de controlar a eletricidade a torna tão poderosa quanto os membros da elite de sangue prateado. Depois que essa revelação foi feita em rede nacional, Mare se transformou numa arma perigosa que a corte real quer esconder e controlar.

Quando finalmente consegue escapar do palácio e do príncipe Maven, Mare descobre algo surpreendente: ela não era a única vermelha com poderes. Agora, enquanto foge do vingativo Maven, a garota elétrica tenta encontrar e recrutar outros sanguenovos como ela, para formar um exército contra a nobreza opressora. Essa é uma jornada perigosa, e Mare precisará tomar cuidado para não se tornar exatamente o tipo de monstro que ela está tentando deter.

Só para começar essa resenha devo dizer que iniciei essa leitura achando que Espada de Vidro seria o último da série, nem imaginava que fosse uma trilogia ou que tivesse dado a louca na autora e ela tivesse aumentado o número de livros. Então, imaginem meu estado quando fui chegando ao fim e percebi que não ia dar tempo de ela finalizar toda a história de forma satisfatória? Foi aí que a anta aqui saiu pesquisar e começou a surtar no twitter por conta de tamanha decepção, talvez não seja o caso entrar no assunto, mas estou cansada de ter expectativas para histórias que prometem ser rápidas e que os autores acabam alongando. Porém, não tem como eu dizer que Espada de Vidro é um livro ruim, na verdade nem Mare consegue estragar a história.

Veja bem, quando terminei de ler A Rainha Vermelha a única coisa que eu não esperava de Espada de Vidro era detestar ainda mais a Mare. Tenha em mente que eu não a odeio pelos clichês que geralmente reclamo em protagonistas, na verdade eu a odeio porque ela se torna tão cega quanto a sua causa que não para pra pensar em consequências, em quem ela machuca pelo caminho ou as perdas que deixa para trás. Ela se torna egoísta. É como se todos os seus erros, a perdas e os danos de sua causa fossem justificados por serem magnânimos, o que não é, nem de longe. Ela não pensa em algo unificado, parece que ela acredita apenas em transformar um governo ruim em um tão ruim quanto, trocar prateados por vermelhos, não unificá-los, e isso, esse egoísmo, me irritou profundamente. Reparem que eu disse "parece", mas é porque em alguns momentos ela se deixa levar pela razão, não por vingança ou ódio, porém esses momentos não são suficientes para me fazer acreditar que ela possa mudar. Mare me deu nojo.

Mas apesar de tudo o ponto forte dessa história não está em Mare ou em suas decisões, apesar dessas serem o ponto chave de toda a história, mas sim nos pequenos detalhes que fazem a diferença. Sejam os personagens secundários que são bem explorados apesar de serem muitos, ou seja, os momentos de ação da narrativa. Parece que é aí que tudo funciona e gira, a autora conseguiu me deixar apreensiva em muitos momentos. Porém, Aveyard não sabe trabalhar com emoções, seus personagens quando estão ao extremo de se emocionar reagem com raiva, todos eles. Sem contar que além de não saber trabalhar isso ela não consegue passar uma emoção mais profunda para o leitor, há um determinado momento da narrativa que algo bastante importante acontece e que eu só fiquei "WTF?" tipo: "Simples assim? Puff!". Mas uma coisa ela conseguiu com isso, me fazer sentir ainda mais raiva de Mare. A minha vontade ao chegar ao fim de Espada de Vidro era ter o poderes de Cal, para tacar fogo na protagonista, literalmente. Não sei quais os planos da autora para essa personagem no futuro, mas meus votos são para que ela sofra amargamente, que termine sozinha, sei lá, não consigo torcer por ela! Falando em Cal ele enfrenta um grande dilema neste livro, o príncipe exilado luta contra tudo o que sempre acreditou para poder sobreviver, não podendo, devido aos seus ideais se juntar de corpo e alma a Guarda Escarlate. Tudo o que lhe resta é seu desejo de vingança e Mare é o caminho mais próximo para alcançar esse fim.

Mas deixando todo esse meu rancor de lado gostei muito do livro, a autora definitivamente sabe conduzir uma história cheia de ação e acima de tudo sabe trabalhar com estratégias e personagens. Não se perde no romance, alias deixa ele em um plano bem inferior, este não é o sentimento que move os personagens e está subentendido, mas não explícito. Obviamente, estou bastante ansiosa para chegar ao conflito final dessa história, para ver Aveyard usar o máximo de sua capacidade ao escrever uma cena de ação colocando todos os elementos que foram sendo acrescentados na história no decorrer da série. Evito dar detalhes por receio de dar spoiler para quem não leu o livro anterior, mesmo que a sinopse já fale o suficiente, mas acrescento que há de se esperar por uma narrativa espetacular e muito bem construída, envolvendo política, traição e o desejo incontestável por liberdade em meio a uma guerra que parece sem limites para ambos os lados: prateados e vermelhos. Espere por muito sangue, não importando a cor.

Portanto sim, por mais odiosa que a personagem principal tenha sido aos meus olhos ela não consegue apagar o talento da autora em conduzir uma ótima história. Bom, confesso que tenho esperanças de que Mare abra os olhos para a forma errada como vem "conduzindo" a rebelião e sei que pelo final deste livro ela vai sofrer muito antes de se dar conta disso. Depois de tanta frustração para com nossa protagonista não consegui sentir muita pena de sua condição ao terminar a leitura. Mesmo assim há uma pontinha de esperança, como se ela começasse a perceber em que está errando, mas foi necessário um choque para que desse sinal de que está acordando para sua natureza manipuladora.

Enfim, Espada de Vidro está à altura do livro anterior da série, seja com relação a protagonista insuportável ou pela maestria da autora ao trabalhar o desenvolvimento de sua história. Só peço que não desanime apenas pela personagem principal, pois Victoria Aveyard tem muito a dizer e sabe fazer isso muito bem. 

Melhores Quotes:

"[...] Mesmo assim, por algum motivo, sinto uma ligação com ele. Lembro do garoto sobrecarregado que me deu uma moeda de prata quando eu não era nada. Com aquele único gesto, ele mudou o meu futuro e destruiu o próprio."

"Se sou uma espada, sou uma espada de vidro, e já me sinto prestes a estilhaçar."

"Ninguém nasce mau, assim como ninguém nasce sozinho. As pessoas se tornam más e solitárias, por escolha e circunstância. Esta última você não pode controlar, mas a primeira... Mare, temo muito por você."

"Antes, eu acreditava que o sangue era tudo no mundo, a diferença entre a luz e a escuridão, uma divisão irrevogável e intransponível. Tornava os prateados poderosos, frios e brutais, desumanos até, quando comparados aos meus irmãos vermelhos. Mas pessoas (…) me mostraram como eu estava errada. Os prateados são humanos como nós, cheios dos mesmos medos e esperanças. Não estão livres do pecado, mas também não estamos. Nem eu estou."