Hoje vou contar sobre a leitura de um livro que inicialmente me chocou e quase cheguei ao extremo de abandonar, mas no decorrer da leitura todo o impacto foi amenizado e eu consegui até dar uma boa nota. Prontos para "Primeiro e Único"?
Primeiro e ÚnicoAutora: Emily Giffinsinopse: Shea tem 33 anos e passou toda a sua vida em uma cidadezinha universitária que vive em função do futebol americano. Criada junto com sua melhor amigas, Lucy, filha do lendário treinador Clive Carr, Shea nunca teve coragem de deixar sua terra natal. Acabou cursando a universidade, onde conseguiu um emprego no departamento atlético e passa todos os dias junto do treinador e já está no mesmo cargo há mais de dez anos. Quando finalmente abre mão da segurança e decide trilhar um caminho desconhecido, Shea descobre novas verdades sobre pessoas e fatos e essa situação a obriga a confrontar seus desejos mais profundos, seus medos e segredos.
A primeira coisa que você precisa ter em mente é que solicitei esse livro apenas por causa da autora. Já havia lido outras obras de Giffin e estava curiosa para conhecer a história de Primeiro e Único, mas não empolgada a ponto de ler imediatamente. Ele foi ficando na pilha de leituras até que se tornou inevitável deixá-lo ali por mais tempo. Quando peguei para ler já não tinha tanta certeza de que iria agradar, a capa não me chamou atenção, então li a sinopse e acreditei que talvez o livro pudesse ser interessante. Porém, a sinopse não transparece nem uma pequena parte do que é essa história e o que é alegado ali não é mais do que um pano de fundo. Então, apesar de Primeiro e Único ser uma história de descoberta e aceitação não é exatamente como a sinopse pinta. Eu esperava por uma história que me fizesse ansiar pelo inesperado, arriscar e sair do comodismo, pensei que me identificaria com Shea, mas não aconteceu dessa forma.
Inicialmente achei Shea, a protagonista, uma pessoa obcecada, toda sua devoção por futebol americano me soou exagerada, e na verdade terminei o livro com a mesma impressão. Além disso, a protagonista não evolui como a sinopse promete, ela é bem pacata e infantil, por quase toda a leitura eu achei que ao em vez de 33 anos ela tinha uns 18 ou até menos. Mas o que mais me incomodou na narrativa não foi isso, na verdade o que me chocou foi prever o que iria acontecer na vida amorosa de Shea. O fato de ela começar a sentir-se atraída por alguém completamente proibido para ela. Não pela diferença de idade, ou por ser quem é, mas simplesmente por ser uma pessoa que teve um papel paternal em sua vida. No início achei o romance distorcido e forçado. O casal não tem química alguma, e para piorar a autora coloca uma pessoa boa na vida de Shea e para justificar o rompimento ela simplesmente o transforma em um personagem condenável.
Então, não sentiria nenhum remorso em abandonar a leitura, não fosse por algumas opiniões e resenhas que li no goodreads, nem todas positivas, mas de certa forma elas me deram um gás para continuar. Eu já sabia o que esperar, peguei alguns spoilers, li algumas passagens finais do livro e acalmei meu choque inicial com o rumo da narrativa. A partir daí a leitura se tornou mais interessante. Deixei o romance de lado e me foquei na vida e descobertas da protagonista, suas amizades e na trajetória que ela tinha pela frente. O livro não se tornou um dos melhores que li, contudo, a história passou a ser mais tolerável e eu acabei dando uma nota razoável porque a autora conseguiu me trazer de volta para sua narrativa. Além disso, depois do choque inicial tudo passa a fazer mais sentido, posso não concordar com o rumo que a história de Shea tomou, mas definitivamente acabei por aceitar.
Há alguns assuntos sérios tratados durante o livro, como violência doméstica e corrupção nas ligas de Futebol Americano, que ao meu ver se encaixariam em todo e qualquer esporte. Porém, ambos os assuntos são tratados de forma leve, e estão no livro apenas para justificar o rumo da narrativa. A questão judicial apresentada no livro não tem um desfecho, mas isto acontece porque algo dessa magnitude demoraria anos para chegar a uma conclusão, e a história não decorre em tanto tempo assim. Diferente de muitas resenhas que li, achei a questão do esporte interessante, apesar de não entender nada de Futebol Americano não fiquei entediada nem nada do tipo, acho que a autora soube dosar muito bem as incursões que fazia nesse ramo.
Enfim, Primeiro e Único traz um romance um pouco difícil de digerir no começo, a parte boa é que a autora consegue se redimir e resgatar o leitor. Não posso dizer que será um livro agradável para todos os leitores, mas creio que se você for preparado para algumas situações incomodas vai ter um balanço final até que positivo. Como já disse a capa não é muito estimulante, mas combina com a história. Quanto a revisão e edição a editora fez um bom trabalho, não encontrei discrepâncias, mas há alguns errinhos de digitação, ainda assim está satisfatório. No mais prepare-se para uma narrativa gostosa, mas ainda assim chocante.
Melhores Quotes:
"Eu acreditava piamente que é sempre mais difícil estar na pele daquela pessoa que fica para trás, sobretudo quando se pensa que está no caminho certo para que os dois sejam felizes para sempre."
"- E você gosta disso? De escrever?Hesitei, em seguida, arrisquei dizer a verdade.-É uma relação de amor e ódio. Amo a sensação que tenho depois que termino de escrever alguma coisa. Mas o ato de escrever em si? Às vezes não gosto muito."
"- [...] A vida é engraçada.- A vida é trágica.- Pode ser que seja... Mas não podemos parar de viver."
''Agora cá estávamos, aparentemente no mesmo lugar, exatamente onde havíamos começado. Ainda assim, não éramos os mesmos. Nada mais era.''
Oi Ju, tudo bom?
ResponderExcluirAcredita que eu não conhecia esse livro? Acho que pela capa totalmente diferente do "padrão" de capa usado pros livros da autora, ele passou desapercebido por mim.
Apesar de só ter lido um livro dela, eu gosto da escrita da Emily Giffin, mas sinceramente não tenho andado com paciência para personagens imaturas e que não amadurecem. Mesmo a leitura tendo melhorado um pouco pra ti, não fiquei com vontade de ler esse livro.
Beijos