[Resenha] Os Bons Segredos - Sarah Dessen

Quando a Editora Seguinte anunciou que iria publicar "Os bons Segredos", romance da autora Sarah Dessen, eu tinha certeza que seria um tremendo sucesso, mas não estava preparada para a história que li, acho que tinha esquecido como a autora pode escrever uma história incrível, sensível e ao mesmo tempo frustrante.

Os Bons Segredos

Autora: Sarah Dessen

Editora Seguinte

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Skoob

Sinopse: Há segredos muito bons para serem guardados — e livros muito bons para serem esquecidos Sydney sempre viveu à sombra do irmão mais velho, o queridinho da família. Até que ele causa um acidente por dirigir bêbado, deixando um garoto paraplégico, e vai parar na prisão. Sem a referência do irmão, a garota muda de escola e passa a questionar seu papel dentro da família e no mundo. Então ela conhece os Chatham. Inserida no círculo caótico e acolhedor dessa família, Sydney pela primeira vez encontra pessoas que finalmente parecem enxergá-la de verdade. Com uma série de personagens inesquecíveis e descrições gastronômicas de dar água na boca, Os bons segredos conta a história de uma garota que tenta encontrar seu lugar no mundo e acaba descobrindo a amizade, o amor e uma nova família no caminho. 

Em Os Bons Segredos, assim como em seus outros romances a autora aborda de forma sensível temas como família, adolescência, culpa e auto descobrimento. O drama familiar vivido por Sydney é tudo menos descomplicado. Com o irmão preso, a mãe em "negação" arranjando desculpa para o comportamento do filho e o pai "alheio" a tudo em seu entorno a protagonista se vê como a única pessoa a realmente se importar com as consequência do crime cometido por seu Peyton. Devido a isso e ao impacto que o acidente teve em sua vida ela decide de certa forma começar de novo em um novo colégio, mas os fantasmas continuam a rodeá-la e para seguir em frente Sydney vai ter que enfrentar muito mais do que o simples ressentimento que tem pelo irmão.

"Eu olhava para David Ibarra e só enxergava vergonha e arrependimento; minha mãe só enxergava Peyton. Daquele momento em diante, tive certeza de que não importava o que víssemos, nossas perspectivas jamais seriam as mesmas."

Assim como todas as protagonistas de Sarah Dessen, Sydney me irritou constantemente no início da narrativa. Ela é a típica garota comum, ofuscada pelo brilho de outro alguém e que simplesmente não tem sangue nas veias para enfrentar seus problemas. por diversas vezes eu apenas desejei que ela explodisse, falasse tudo o que pensava ao em vez de ficar se remoendo de culpa e indignação. Porém, a personalidade calma dela nos dá embasamento para a narrativa que em boa parte poderia se tornar um monólogo bastante chato, mas que aliado a escrita de Dessen e a serenidade de Sydney adquire um equilíbrio que nem todos os autores são capazes de passar para o papel. Sarah Dessen é um gênio, mesmo diante da tranquilidade de sua escrita ela consegue transmitir sentimentos ao leitor, que passa a fazer parte da história e dos dramas da vida da protagonista. Então, sim, Sydney é uma personagem clichê, mas ainda assim muito bem desenvolvida.

"Estava acostumada a ser invisível. As pessoas raramente me viam, e se viam, nunca me olhavam de perto. Eu não era radiante e encantadora como meu irmão, linda e graciosa como a minha mãe, ou inteligente e dinâmica como minhas amigas."

Além disso, a autora não foi apenas brilhante no quesito protagonista, Dessen fez mais uma vez o que muitos não conseguem fazer e criou personagens secundários impactantes, que se tornam necessários no decorrer da obra, principalmente em relação ao núcleo de novos amigos da personagem, que foram todos maravilhosos. Contudo, houve um pequeno deslize quando se tratava do antigo circulo de amizade de Sydney, achei que acabou não sendo muito bem elaborado faltando algo para encerrar alguns pontos, mesmo assim é possível captar as personalidades intrínsecas de cada um dos personagens. Algo que acho interessante na narrativa de Sarah Dessen é que ela não trata seus personagens como se eles fossem meios para um fim ao contrário, ela os cria com suas próprias histórias e temores, nos dá um vislumbre dos medos, problemas e alegrias de cada um. Isso pode soar vago para alguns leitores já que ela não se aprofunda muito, mas a meu ver é interessante enxergar a vida dos personagens secundários sem que ela gire em torno da protagonista.

O drama central é muito bem desenvolvido, e diante de tudo que está prestes a explodir na narrativa acabamos virando as páginas sem nos dar conta. Meu balanço final da história foi bastante positivo, entretanto tenho algo a reclamar, no momento em que todo o conflito converge para o clímax e as coisas começam a se resolver eu esperava que o diálogo/enfrentamento entre as partes envolvidas fosse apresentado e não apenas mencionado, foi uma resolução muito vaga para tudo o que vinha acontecendo. E pela amor de Deus, como a autora teve a pachorra de terminar esse livro mais uma vez me deixando na expectativa por mais, por um vislumbre mais aprofundado de algo que esperei durante toda a leitura. Sarah, eu estou indignada com você!... Mas te amo mesmo assim.

Enfim, Os Bons Segredos é um livro sensível que trás uma profundidade que nem todos os leitores serão capaz de notar, é um livro que deve ser lido e absorvido, mas principalmente precisa ser compreendido. A edição da Editora Seguinte está simples, mas muito bem trabalhada, a capa passou a me encantar quando entendi o motivo por trás dela. Bom, não há muito mais o que falar, apenas esperar que você ouça a voz da razão (sim, essa é a minha voz) e vá correndo a livraria mais próxima!

Melhores Quotes:

"Eu adoraria sentir pelo menos uma vez a sensação de me deparar com uma coisa quebrada e enxergar uma saída em vez de um final."

"Sorri. Não importava o quão esperta eu me achasse, ela estava sempre um passo à frente. Mas se era para estar atrás de alguém, não havia ninguém melhor que Layla para seguir"

"Aquelas emoções, repentinas e fortes, me pegaram de surpresa. Tanto que só tomei consciência da parte mais chocante daquilo horas depois. O mais surpreendente não era o choro em si, mas o fato de eu ter chorado na frente de outras pessoas. Na verdade, só desabamos diante de quem sabemos que pode nos reconstruir. Mac e Layla estiveram ao meu lado. Mesmo - e especialmente - quando eu não podia fazer o mesmo por eles."