sexta-feira, janeiro 20, 2017

[Resenha] Cujo - Stephen King

Cujo
Autor: Stephen king
Suma de Letras 
376 páginas


Sinopse: Frank Dodd está morto e a cidade de Castle Rock pode ficar em paz novamente. O serial-killer que aterrorizou o local por anos agora é apenas uma lenda urbana, usada para assustar criancinhas. Exceto para Tad Trenton, para quem Dodd é tudo, menos uma lenda. O espírito do assassino o observa da porta entreaberta do closet, todas as noites. Você pode me sentir mais perto… cada vez mais perto. Nos limites da cidade, Cujo – um são Bernardo de noventa quilos, que pertence à família Camber – se distrai perseguindo um coelho para dentro de um buraco, onde é mordido por um morcego raivoso. A transformação de Cujo, como ele incorpora o pior pesado de Tad Trenton e de sua mãe e como destrói a vida de todos a sua volta é o que faz deste um dos livros mais assustadores e emocionantes de Stephen King.
Quem está familiarizado com meu gosto literário sabe que não sou fã de histórias de terror, evito ao máximo autores do gênero mesmo que os livros me chamem atenção por um motivo ou outro. Porém, se existe um autor deste meio literário que não faço cerimônia para ler este é Stephen King. Ok, não li muita coisa dele até hoje, dois ou três livros, mas ambos foram muito bons e isso é muita coisa. Logo, quando tive a oportunidade de ler Cujo não hesitei. A ideia era começar 2017 com leituras diferentes, fugir um pouco dos romances e me aventurar em gêneros que raramente leio. Mas confesso que me arrependi de ter pegado este livro neste momento, não por ele ser ruim, mas durante a leitura descobri algo sobre os livros do autor que vou levar pra vida: King só deve ser lido se você tiver tempo de sobra para apreciar a leitura e paciência para absorver os detalhes, é preciso degustar e sentir prazer na leitura.

Cujo é uma obra que não envolve muitas tramas, porém seus personagens estão mergulhados em seus próprios problemas, há uma diversidade de situações acontecendo ao mesmo tempo, detalhes que se ligam para formar um todo. Vic Trenton é pai e marido exemplar e está em uma luta para salvar a empresa de publicidade que criou com um amigo, não bastasse a preocupação com os negócios seu casamento também está em crise. Diante da chance de salvar a empresa ele embarca em uma viagem de negócios, a oportunidade perfeita pra tomar distancia dos acontecimentos pessoais e pensar com clareza nos problemas de seu casamento. Vic deixa para trás a esposa adultera e o filho, que está apavorado com o monstro do closet, porém essa viagem pode custar muito mais do que ele espera. Com o carro quebrado e sem o marido para resolver este problema Donna Trenton se vê obrigada a seguir até o mecânico local e não imagina o terror que essa simples ação cotidiana trará a sua vida.
"Quando o que estava em jogo era a sobrevivência, quando você só podia contar com as próprias fichas, o que sobrava era a vida ou a morte e tudo isso era perfeitamente normal."
A base da trama parece simples e o que mais me chamou atenção foi quando King revela em uma entrevista como esta história acabou surgindo de uma situação ligada a sua própria vida. É perceptível como a história narrada em Cujo não foge a realidade, é sim uma situação assustadora, mas, ainda assim, plausível. O que dá ênfase neste quesito é linha de pensamento dos personagens, que são em sua maioria naturalmente humanos e falhos. King explora o ser humano de forma genuína, seus personagens se mostram autênticos e não há espaço para muita fantasia. Donna, Vic, os Camber e tantos outros personagens poderiam ser pessoas reais que levam sua vida como podem e de acordo com o que a “existência” lhes reserva. Acho que são eles que dão o tom para que a obra se torne realista.

Senti isso de uma forma tão efetiva que a parte sobrenatural da obra não obteve muito destaque no todo. Frank Dodd o serial killer da trama, que aparentemente volta como um espírito é superficialmente mencionado, ele é aqui a personificação do medo e se apresenta no subconsciente dos personagens, não é um personagem tangível. Contudo está presente na obra e deixa uma pulga atrás da orelha. Eu particularmente achei que sua presença foi irrelevante. Em contrapartida Cujo é um personagem, é efetivo e através dele vemos o desenvolvimento da doença e como ela o modifica com o decorrer da narrativa, me senti mal pelo cachorro que foi uma vítima de algo incontrolável, algo que não estava ao seu alcance mudar.
"O medo era um monstro de dentes amarelados, criado por um Deus enfurecido para devorar os incautos e os ineptos"
O destaque está na angustia de Donna, que se vendo encurralada por um cão raivoso e por suas próprias frustrações, chega a angustiar o leitor. A situação por si só me causou uma sensação de claustrofobia, um beco sem saída. A forma como King narra o medo da personagem, seus questionamentos com relação a como sair de determinada situação é ainda mais real do que os personagens da narrativa, é palpável. E julgo que é neste momento que a calma e entrega são mais necessárias durante a leitura. É preciso absorver o sofrimento e compreender a situação de Donna, viver a situação, obviamente que com certo distanciamento, caso contrário o leitor vai ficar meio amalucado. É indiscutível que King consegue através de sua narrativa absorver o leitor em sua trama, ainda assim siga meu conselho e se for ler esta obra não a leia com pressa. O final foi inesperado para mim por alguns motivos, mas o que mais gostei é como o autor fechou a obra sem deixar pontas soltas e sem medo de ousar.

Enfim, Cujo é mais uma história de Stephen King da qual gostei, não dá para dizer que foi o melhor livro do autor que li, mas isso se deve ao fato de que eu tive pressa na leitura. A pilha de livros para ler era quase um agouro ao lado da cama e isso me atrapalhou, creio que se ler em outro momento, quando não tiver tantos prazos talvez eu me sinta mais absorvida pela narrativa. Quanto a edição a Editora Suma deu um show, meu exemplar é a nova edição do selo “Biblioteca Stephen King”, selo este que publicará livros raros e esgotados do autor. A capa vermelha traz em relevo as patas de um cão remetendo a algo sangrento o que a obra não deixa de ser. A diagramação e revisão estão excelentes, não tem do que reclamar. No mais leia, mas leia sem pressa.

Um comentário:

  1. Oi, Ju!!!

    Gostei muito da resenha e também não sou chegada ao terror, mas procuro ler algo do gênero de vez em quando ou pelo menos uma vez por ano. Hahahaha

    Também gosto muito do Stephen King, embora não tenha lido vários livros dele - até porque ele tem milhares de títulos!! Hahahaha

    Mas fiquei curiosa para conferir o Cujo. Espero ter um pouco mais de tempo em breve.

    Bjs!!

    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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