[Resenha] Pensei que fosse Verdade - Huntley Fitzpatrick

Pensei que Fosse Verdade

Autora: Huntley Fitzpatrick

Editora Valentina

Skoob

Sinopse: A ilha de Seashell, onde passei minha vida inteira, é tudo isso e muito mais. No entanto, a única coisa que eu quero é ir embora daqui.

Gwen Castle nunca quis tanto dizer adeus à sua ilha natal quanto agora: o verão em que o Maior Erro da Sua Vida, Cassidy Somers, aceita um emprego lá como faz-tudo. Ele é um garoto rico da cidade grande, e ela é filha de uma faxineira que trabalha para os veranistas da ilha. Gwen tem medo de que esse também venha a ser o seu destino, mas, justamente quando parece que ela nunca vai conseguir escapar do que aconteceu – ou da ilha –, o passado explode no presente, redefinindo os limites de sua vida. Emoções correm soltas e histórias secretas se desenrolam, enquanto Gwen passa um lindo e agitado verão lutando para conciliar o que pensou que fosse verdade – sobre o lugar onde vive, as pessoas que ama, e até ela mesma – com o que de fato é. 

Quando vi o lançamento de "Pensei que fosse verdade" pela Editora Valentina eu meio que endoidei por aqui. Já tinha lido o "Minha Vida Mora ao lado" da mesma autora e sua escrita me conquistou. É o tipo de Young Adult que não dá para negar que eu amo, mas para me conquistar de verdade a história precisa ser bem desenvolvida. E Huntley Fitzpatrick sabe fazer isso como poucas outras autoras do gênero. Com "Pensei que fosse verdade" não podia ser diferente. A autora tem um jeitinho especial de pegar os leitores pela mão e ajudá-los a caminhar na sua narrativa, é como se tivéssemos participando de tudo aquilo, e só para constar, nunca comi lagosta, mas já acho que tem um sabor incrível, desde que Cassidy esteja envolvido no preparo.

Pensei que fosse verdade conta a história de Gwen Castle uma jovem com uma família incrível e real e por isso cheia de problemas. Pais separados, o irmãozinho que necessita de cuidados especiais e as dúvidas tão normais para uma adolescente com relação ao futuro. Além disso, ela precisa lidar com um passado não muito agradável e também com Cassidy Sommers o faz tudo da ilha no verão e o alvo de frustração e raiva de Gwen. Seu maior medo é acabar presa a ilha assim como os pais, mas sem perspectiva de que as coisas sejam diferentes, visto que, como os pais estão sempre ocupados trabalhando, é ela quem precisa tomar conta de seu irmão mais novo e ele requer cuidados. É por causa dele que Gwen se vê "obrigada" a passar mais tempo com Cassidy, depois de um tremendo susto com o pequeno Emory, Cass se oferece para ensinar o garoto a nadar e é aí que vamos descobrir porque ele se tornou o grande erro de Gwen.

"A Vida é mais do que aquilo que você tem medo"

A narrativa é leve e a presença de Emory suaviza ainda mais a narrativa. Mas confesso que no vai e vem dos acontecimentos me senti um tanto perdida em alguns momentos. Intercalando alguns momentos do passado Gwen começa a repensar tudo o que aconteceu, tentando entender como aquele cara que se propõe a ajudar seu irmão possa ser o mesmo canalha que a machucou algum tempo atrás. Cassidy é rico e mora no lado mais favorecido da cidade, seus amigos são o tipo que não pedem permissão e que conseguem tudo o que quer, o que não parece se aplicar a Cass. Contudo, até que ele se vê obrigado a ser o faz tudo da ilha naquele verão Gwen não o conhece realmente. Gwen por sua vez é cenrada e madura para sua idade, principalmente por causa de Emory, seu porto seguro é seu avô português e teimoso pescador, seu primo, sua melhor amiga e claro seus pais, mesmo que nem sempre estejam disponíveis. Gostei da personagem, senti que ela tem muita coisa para lidar e não tem tempo para ficar se lamentando, ela é madura o suficiente e mesmo quando esta confusa sabe lidar com o que a incomoda.

"Família, dinheiro, impressionar as faculdades. Meus calcanhares de aquiles."

Quanto aos personagens secundários eles foram muito bem desenvolvidos, não importa que uns aparecem mais do que outros, todos eles de certa forma foram bem característicos. Infelizmente o que menos gostei foi Nic, o primo de Gwen, não por a autora não ter trabalhado sua personalidade como os outros, mas justamente por ele ser tão bem feito. Chegou a me dar raiva em diversos momentos, o personagem tem uma obsessão em ser capitão do time de natação e não aceita não como resposta, além disso seu sonho de fazer parte da guarda costeira o torna ainda mais insuportável. Porém, a autora não buscou por personagens perfeitos e contos de fada, todos tem seu lado bom e seu lado ruim, e Nic não fica de fora, é possível amá-lo com seus defeito, bem como Vivien, a namorada de Nic e melhor amiga de Gwen. Acho que com o desenrolar da narrativa passamos a compreender cada um dos personagens pelo que são e não pelo que queríamos que fossem.

"Sinto o impulso de torcer por Cass. Contra meu próprio primo? O sangue pode ser mais forte do que o cloro, mas os hormônios parecem ferrar a equação."

Enfim, Pensei que fosse verdade é um Young Adult muito bem elaborado e desenvolvido, com uma história que não busca por momentos chocantes, na verdade é uma narrativa bem leve, e toda especial que retrata assuntos familiares e dúvidas que ocorrem com qualquer ser humano em fases de decisões. É uma história quase real e maravilhosa, só não posso dizer que foi melhor que o outro livro da autora que li, por que Minha Vida Mora ao lado ainda mora no meu coração. Mais uma vez a Editora Valentina está de parabéns pelo trabalho gráfico, desde a capa até revisão, a edição está maravilhosa. Se você gosta de histórias leves e com um pezinho na realidade não deixe de ler este livro!

"Talvez eu tenha me calado porque não sei o que dizer. Ou talvez porque finalmente entendi que às vezes nós nos apegamos a uma coisa, uma pessoa, um ressentimento, um arrependimento, uma ideia de quem somos... porque não sabemos o que buscar em seguida. Que o que fizemos antes é o que temos que fazer de novo. Que só há recomeços e segundas chances..."