A resenha de hoje é sobre o livro que encerra a trilogia A Primeira Lei, escrita por Joe Abercormbie esta narrativa é considerada por muitos uma das melhores do gênero. Não por menos, visto que os direitos do primeiro livro foram vendidos para 24 países. Mas hoje eu vou lhes contar o porquê de O Duelo dos Reis, terceiro livro da trilogia, ser tão sensacional.
O Duelo dos Reis
A Primeira Lei #3
Autor: Joe Abercrombie
Editora Arqueiro
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Skoob
Sinopse: A União está em guerra. Ao norte, o coronel West e suas tropas recuperaram a fortaleza de Dunbrec, mas a batalha pode se arrastar por anos, porque o rei dos nórdicos não irá se render. É hora de Nove Dedos voltar e enfrentar seu pior inimigo. O problema é que, no calor da batalha, nunca se sabe quando o Nove Sangrento surgirá de dentro dele – e o Nove Sangrento não escolhe lado, só quer matar. Na Terra do Meio, uma revolução camponesa por direitos igualitários e participação política desestabiliza os governos locais. Caberá a Jezal dan Luthar negociar a paz e, se preciso, combater o próprio povo.Na capital, com o rei doente e sem herdeiros, os membros do Conselho Fechado começam a comprar apoio dos nobres, numa corrida oculta ao trono. Depois de ter escapado por pouco de Dagoska, Sand dan Glokta precisa sobreviver ao jogo político. Para isso, vai usar os recursos em que é mestre: chantagem, ameaça e tortura. Além disso, tropas gurkenses se movem no sul em direção a Adua, dispostas a travar uma guerra santa e levar Bayaz a julgamento. Para salvar o mundo, o Primeiro dos Magos precisa salvar a si mesmo, porém há riscos enormes quando se mexe com magia. E nada pode ser mais arriscado do que quebrar a Primeira Lei. O duelo dos reis é um épico sombrio e brilhante, um final de tirar o fôlego para a trilogia que redefiniu a literatura fantástica.
Me sinto repetitiva ao começar essa resenha lembrando a vocês sobre minha ressaca literária com livros de aventura, históricos e fantásticos, mas esta é a única coisa que justifica as quatro estrelas deste livro e o tempo absurdo que demorei para concluir a leitura. Afinal de contas, o livro é muito bem desenvolvido, a série é brilhante e o autor tornou-se um dos meus preferidos no gênero. Joe Abercrombie não mede esforços ao usar inteligência, doses cavalares de ironia e muita política e violência. Cheguei a ficar nauseada com a atitude de alguns personagens e decepcionada com outros, mas não há como negar, o autor não escreveu esta história para nos apresentar personagens perfeitos, e sim para mostrar que ninguém é totalmente bom ou completamente mau.
Desde o primeiro livro é perceptível a qualidade da escrita de Abercrombie, principalmente em relação aos seus personagens. Glokta, o inquisidor e torturador é um dos seus melhores caracteres, ouso dizer que desde de Tyron Lannister não encontro um personagem tão completo e irônico em livros do gênero. E ele não é o único, de Jezal, o jovem arrogante e egoísta à Bayaz o misterioso e manipulador mago também conhecido como o primeiro dos magos Abercrombie não perde a mão, nem ao construir personagens pouco influentes na narrativa, todos sem exceção são bem desenvolvidos e caracterizados, não há discrepâncias, o desenvolvimento dos personagens é quase harmônico.
Além disso, não há meio termo na construção de sua narrativa, o autor soube ser objetivo. É neste livro que finalmente vamos descobrir onde ele quis chegar quando nos apresentou pela primeira vez a construção de sua história. O Duelo dos Reis veio para responder muitas dúvidas, principalmente as lançadas no primeiro livro. É aqui que vamos descobrir o fio que liga todos os personagens, qual a intenção primordial de Bayaz, o primeiro dos magos, ao escolher alguns personagens lá em O Poder da Espada para sua louca e quase suicida jornada porque, obviamente, desde o início o mago tinha um objetivo, e só tenho a dizer que o autor foi brilhante nessa conclusão.
"O tabuleiro está arrumado, as peças prontas para serem movidas. Quem será o vencedor desse joguinho sórdido? Logo veremos..."
Contudo o final não me agradou como o esperado. No entanto, eu já deveria esperar pelo que acabou acontecendo. Desde o início Abercrombie não presa por satisfazer o leitor com um soluções fáceis e previsíveis. Ao terminar a leitura me senti indignada mas ao mesmo tempo em que esbravejava pelo final eu começava a compreender o caminho tomado pelo autor. Há um personagem na narrativa que vive se perguntando onde seus pecados irão levá-lo, qual será seu castigo pelos seus erros, mesmo que eles fossem justificados e no fim percebemos claramente que todos pagaram pelo que fizeram, por mais injusto que seja. Isto me lembra aquele ditado "Aqui se faz aqui se paga", não há dúvidas que Abercrombie acredita nisso.
A ambientação da história foi muito bem descrita, e o cenário político muito bem desenvolvido. O Duelo dos Reis é uma história que esmiúça a sede de poder ao mesmo tempo em que trabalha personagens muito bem construídos. Esta história não é apenas uma fantasia comum, ela é acima de tudo uma crítica política e social, escrita com brilhantismo e inteligência. Infelizmente encontrei alguns erros de digitação no decorrer da leitura e atrevo-me a dizer que deveria ter sido melhor revisado. Contudo, a trilogia A Primeira Lei é uma história que não deve ser ignorada é uma trilogia para ser lida, compreendida e apreciada.
Melhores Quotes:
"– Aprendi todo tipo de coisas com meus muitos erros - comentou Cosca, que esticou o pescoço e o coçou. – A única coisa que nunca aprendi foi a parar de cometê-los."
“[...]Uma maldição que todos temos que suportar. Giramos e giramos em círculos, tentando nos agarrar a sucessos que nunca alcançamos, tropeçando interminavelmente nos mesmos fracassos antigos. Na verdade, a vida é o sofrimento que suportamos entre as decepções.”
"O poder torna todas as coisas certas. Essa é a minha primeira lei e a última. É a única lei que eu reconheço."
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