[RESENHA] Outlander - A viajante do Tempo - Diana Gabaldon

Outlander - A viajante do Tempo
Autora: Diana Gabaldon
Editora Saída de Emergência
Skoob

Sinopse: Claire, a protagonista de A viajante do tempo é uma mulher de personalidade forte, lutando para se manter num mundo de homens violentos, que busca seu verdadeiro amor enquanto participa de importantes acontecimentos da história. Claire Beauchamp Randall foi separada de seu marido Frank pouco depois da lua-de-mel, quando ele foi convocado para lutar na Segunda Guerra Mundial. Ao final do conflito, Claire e Frank se reencontram e retomam a vida que tinham em comum numa viagem a Escócia. Mas o reencontro não ocorre da forma esperada. Parece haver entre a esposa e o marido um distanciamento muito maior do que aquele causado pelos anos de guerra. Ao visitar uma antiga e mística formação de rochas, Claire finalmente vai conhecer seu destino.

Tudo que eu menos esperava em Outlander era rir, não, minto, o que eu menos esperava era sofrer, me angustiar, chegar a tão alto grau de desesperança que tive que ler o livro em poucas doses. Isso poderia ser algo ruim, mas não, não é isso que estou dizendo. Este livro é tão pleno e completo que leva o leitor a gargalhar mesmo em situações adversas, faz chorar e rir ao mesmo tempo, faz temer pelo pior e acreditar que nem tudo é tão ruim quanto parece. Outlander tem uma trama bem construída, envolvente e repleta de bom humor, romance, sofreguidão e, porque não, ousadia.

"Parecia inconcebível, mas todas as evidências indicavam que eu estava em algum lugar onde os costumes e a política do final do século XVIII ainda vigoravam. Eu teria imaginado que tudo não passava de algum tipo de espetáculo à fantasia, se não fosse pelos ferimentos do jovem a quem chamavam de Jamie. Aquele ferimento fora realmente provocado por algo muito semelhante a um tiro de mosquete, a julgar pelos estragos que deixara." 

Seus personagens bem construídos e característicos conquistam o leitor, mas, além disso, passam pela história deixando suas marcas. O mais interessante é que em momento algum eles se perdem, você os conhece pelo que são, suas personalidades são intrínsecas e mesmo diante das adversidades eles mantêm-se fieis a si mesmos. E quando digo personagens, me refiro a todos os envolvidos, Claire, Jaime, Frank, Black Jack Randall, Murtagh, enfim, são uma imensidade de personagens que devido a sua características não confundem o leitor. Outro fator que corrobora com o encantamento que a trama trás é a capacidade da autora de descrever os cenários, a cultura local e as tradições dos clãs escoceses do século XVIII. Ler Outlander é como estar diante de um recurso visual cheio de imagens ricas em detalhes mas que não nos deixam perdem o foco dos acontecimentos.

A narrativa em primeira pessoa de forma surpreendente é ampla, vemos tudo pelos olhos de Claire, mas de alguma forma seu pensamento é tão ramificado que não ficamos perdidos em suas divagações ou medos, temos uma boa ideia de toda o universo que a rodeia. A escrita de Gabaldon colabora significativamente com a narrativa, de forma rica ela nos coloca diante de tradições e dialetos de forma natural, nada em sua escrita soa forçado ou falso. Sua narrativa torna-se profunda, e, como disse o leitor passa por diversas sensações.

A mais cruel de todas tem relação a Jaime, é quase insuportável acompanhar seu sofrimento, as provações pelas quais o personagem passa seriam capazes de prostrar ao chão qualquer um com um pouco menos de fibra. Não entrarei em detalhes, mas aviso-lhes para estarem preparados, é realmente angustiante, porém a curiosidade é a cada momento mais aguçada, torna-se impossível que você se distancia da história por muito tempo. Porém não vá com muita cede ao pote, Outlander é uma narrativa para se degustar como vinho, calma e deliberadamente.

Quanto a capa, bem, eu não gostei, achei-a muito modernizada, visto que é inspirada na série, mas suas cores dão um toque especial o que suaviza o que poderia ser péssimo. Se tenho algo a reclamar eu diria que é da revisão, em um momento a narrativa estava em primeira pessoa e no mesmo paragrafo mudava repentinamente para segunda, não sei se esta é uma observação apenas minha, talvez eu esteja equivocada, mas senti essa falha em alguns momentos. Por fim, se há um conselho a ser passado é que você precisa estar pronto para ter suas emoções testadas o tempo todo.

OBS: Prepare-se para perder a cabeça por Jaime, seja por sua grande cabeça dura ou por seu romantismo e bom humor.

Melhores Quotes:

"Se a sua vida é uma troca justa pela minha honra, por que minha honra não é uma troca justa pela sua vida?"

"-Ah, sim, Sassenach - respondeu ele, um pouco melancolicamente. - Eu sou seu senhor... e você é minha senhora. Parece que não posso possuir sua alma sem perder a minha".

"– Você tem livre-arbítrio, assim como todas as outras pessoas neste mundo. E a história, acredito, é a soma de todas essas ações. Alguns indivíduos são escolhidos (...) para afetar os destinos de muitas pessoas. Talvez você seja uma delas. Talvez não. Não sei por que você está aqui. Você não sabe. Provavelmente nenhum de nós jamais saberá."