[RESENHA] #DesafioNC #9 - O Lado mais Sombrio - A. G. Howard

O Lado mais Sombrio

Splintered - Livro 01
Autora: A. G. Howard
Editora Novo Conceito
Skoob

Sinopse: Alyssa é exótica, tem um visual gótico e além de tudo é tataraneta de Alice Lidell, a mesma que inspirou Lewis Carroll a criar o universo de Alice no país das maravilhas. Mas isso não é tudo sobre si, ela, assim como seus antepassados do sexo feminino carrega em seu cerne um estranho "dom", ou seria apenas loucura? Capaz de falar com insetos e plantas Alyssa até o momento consegue ocultar esse dom, porém sabe que não pode fugir de seu destino e teme ficar louca, um destino que parece reservado as mulheres da família de sua tataravó. Contudo nem tudo está perdido, o que pode não ser, e a frase "toda história tem um fundinho de verdade" pode encaixar-se perfeitamente na história de Alyssa. Disposta a ajudar sua mãe, ela é levada a entrar na toca do coelho e acaba arrastando consigo o super protetor Jeb, mas antes mesmo desse incidente acontecer Alyssa não está sozinha em sua jornada e acaba divida entre a sensatez e segurança de seu melhor amigo e paixonite de adolescência e o jovem, sedutor, sexy e perigoso Morfeu. Juntos eles embarcam em uma jornada para consertar os erros que Alice cometeu no país das maravilhas e acabar com a maldição que cerca a família desde então.

Antes de iniciar essa resenha tenho que confessar que nunca li a narrativa original de Lewis Carroll, no entanto, essa história me fascina desde sempre. O pouco que conheço sobre esse universo psicodélico de Alice no País das Maravilhas sempre foi suficiente para colocá-la no hall de minhas histórias preferidas, mesmo que só a tenha visto através do filme da Disney ou pela adaptação de Tim Burton. Portanto, já esperava com certa expectativa que esse livro seria um dos melhores do ano. O que eu não esperava era um triangulo amoroso, e uma mocinha que em boa parte do tempo precisa ser salva, conduzida e ajudada.

A. G. Howard ao meu ver tinha em mãos um universo infinito para desenvolver, uma fonte original e ilimitada de criatividade para esboçar. No entanto, a autora preferiu optar por seguir o padrão, o que trouxe para a narrativa um triangulo amoroso desnecessário. Visto que, uma das partes desse triangulo é completamente dispensável. Jeb é um tanto quanto desinteressante, é aquele tipo de personagem que costumeiramente não me agrada, seu modo de agir com Alyssa me tirou do sério várias e várias vezes. Por ser super protetor o personagem acaba por frear o desenvolvimento da história, em seu intuito de proteger Alyssa ele a trata como um bibelô, o que se torna irritante ao extremo. 

Por outro lado temos Morfeu, o típico personagem envolto em mistério e perigo, e completamente apaixonante e envolvente, o que está mais do que provado que é a receita perfeita para conquistar o coração das leitoras. Não se sabe ao certo quais são suas intenções e se ele é herói ou vilão, mas o que mais agrada em sua personalidade é que ele instiga Alyssa, confia em sua capacidade e a força a agir, fazendo com que a personagem central da narrativa cresça consideravelmente em sua presença. Isso tudo somado a sua inteligência, confiança, sagacidade, carisma e principalmente sua falta de escrúpulos para atingir seus objetivos faz com que ele roube a cena completamente. Durante a narrativa ele é capaz de te causar sensações bem ambíguas, mas obviamente no final prevalece o fato de que ele é apaixonante, em todos os sentidos (SIM, EU ESTOU APAIXONADA).

"- Você me quer. Admita.
[...] – Por que eu deveria querer você?
Ele levanta três dedos para contar. – Misterioso. Rebelde. Problemático. Todas as qualidades que as mulheres acham irresistíveis."

Por sua vez a própria Alyssa que no início da narrativa demonstrava coragem e atitude notavelmente decai como personagem. Sua paixão por Jeb a torna dependente e até mesmo indecisa demais, o que muda completamente quando o rapaz sai de cena. São nestes momentos que a narrativa cresce e ganha fôlego, deixa-se de lado o romance e parte-se para o foco da missão a ser cumprida. Porém nem tudo são flores, me vi irritada com a personagem muitas vezes, principalmente, como já disse, quando seu foco não era exatamente sua missão, mas confesso que posso ter sofrido pela forte influência de Morfeu.

Contudo, nem só de personagens vive uma história. O fato é que Howard soube brilhar e construir uma narrativa em vários quesitos, suas descrições, cenários e as referências presente no decorrer da narrativa são críveis. Ela torna o mundo psicodélico de Lewis Carroll  absurdamente papável e visível, utilizando-se de criaturas advindas do país das maravilhas ou de novos seres criados por sua própria imaginação, não importa, a criação da autora funciona completamente bem! Todos esses fatores reunidos com a incrível capacidade de Howard contar uma boa história tornaram, ao meu ver, este livro um dos favoritos do ano, sem contar a capa que absorve e representa a história de forma única. Não posso negar que encontrei alguns erros chatinhos de revisão, porém nada que atrapalhe, além disso a belíssima diagramação compensa esse pequeno problema. Enfim, O Lado mais Sombrio não é apenas a adaptação de um clássico, é bem mais do que isso, aliás ouso dizer que o aluno quase supera o mestre.

Melhores Quotes:

"Ele é uma contradição: magia contida pronta para entrar em ação, gentileza em guerra com a severidade, uma língua tão afiada quanto a ponta de um chicote, mas a pele tão macia que a sensação é a de que ele está envolvido em nuvens."

"Jeb é estável, forte e genuíno – meu cavaleiro em sua armadura reluzente, Morfeu é egoísta, suspeito e sublime – o caos encarnado. Impossível comparar."

"– Você compreende a lógica que está além do ilógico, Alyssa. É sua natureza encontrar tranquilidade em meio à loucura."