Azul da Cor do Mar
Autora: Marina Carvalho
Editora Novo Conceito
Rafaela é estudante de jornalismo e acaba de conseguir o estágio dos sonhos. Na Folha de Minas ela é designada a área de jornalismo investigativo, mas o que era para ser um sonho torna-se um pesadelo, já que seu chefe/mentor é uma cara arrogante, ranzinza e muito do mau educado, apesar de lindo. Bernardo e Rafa se estranham desde o início, mas o que a ajuda a manter a sanidade diante de tanta pressão é a lembrança do Garoto de camisa xadrez, ao qual ela escreve cartas desde os 11 anos, mesmo sem saber nada sobre o garoto além do fato que ele tinha intenso olhos azuis e aparentava tristeza quando o viu pela última vez. Enquanto tenta seguir em frente sem parecer uma louca varrida Rafa acaba se surpreendendo com algumas atitudes sutis de seu chefe, resta saber agora se ele tem todo aquele coração gelado ou é só aparência mesmo.
Quando este livro chegou em casa eu tinha uma pequena vontade de lê-lo simplesmente por já ter lido Simplesmente Ana e ter gostado da escrita da autora, não era nada premente mas a vontade estava ali. No entanto, acabei adiando cada vez mais devido a enorme pilha de leituras, mas eis que ele foi o primeiro livro escolhido por vocês para o desafio, então, calcei a cara e lá fui eu. Sei que não devo fazer comparações entre a narrativa de Simplesmente Ana e esse, mesmo porque elas se passam de forma diferente. No entanto, algo que queria ressaltar é que acredito que talvez seja recorrente nas histórias de Marina o estranhamento inicial entre os personagens. Eles geralmente se odeiam para depois descobrirem-se apaixonados. Ambos os livros tiveram esse ponta pé inicial.
"Descobri que queria ser jornalista aos treze anos. No começo meu pai achava engraçado e dizia que eu acabaria mudando de ideia quando ficasse mais velha. Só que não mudei, meu pai parou de achar de graça e tentou me convencer a escolher outra profissão."
O que talvez tenha deixado a leitura um pouco sem sal ao meu ponto de vista é que em Azul da cor do mar esta situação se arrasta por quase todo o livro. E quando Rafa se descobre apaixonada por Bernardo eu só conseguia me perguntar como era possível, porque vamos combinar: O cara é insuportável!!! Porém, Rafaela não deixa por menos, orgulhosa e dona de si ela fala o que pensa sem temer a quem. Contudo, senti que muitas vezes a personagem se empenhava em se mostrar modesta, mas, no entanto, era exatamente o contrário. As coisas começam a se desenrolar realmente depois de 150 páginas e nesse ponto eu já não aguentava mais ler tanta picuinha. ou seja, ao meu ver, esse desenrolar todo poderia ser resumido em poucos capítulos.
Porém, quando finalmente passamos do martírio de ver Rafaela e Bernardo quase se matando, a história ganha novo fôlego e começa a se desenvolver. Foi neste momento que me vi encantada pela narrativa. Consegui deixar de lado toda a irritação que a história estava me causando e mergulhei de cabeça no livro. Suspirei, ri e entrei em colapso devido algumas situações. Rafa se mostrou muito mais do que a garota fútil que estava sendo até então e eu finalmente consegui pegar o humor da narrativa. Apesar das pequenas ressalvas que fiz sou obrigada a dizer-lhes que Marina Carvalho tem talento, ela sabe escrever um chick lit como ninguém, e, apesar de não ler muitos nacionais já posso dizer que dentro os poucos que li ela é a melhor autora nacional do gênero. Então está perdoada por ter me feito remoer o fato de Rafa ser fã de Paula Fernandes. Alias, acredito que esse foi um dos pontos que fez com que eu não me identificasse com a história inicialmente, mas valeu a pena pq a última página do livro compensa isso (sem spoilers).
Enfim, Azul da cor do mar é um chick lit que vai te irritar, te fazer gargalhar e suspirar, alias todas essas sensações juntas em uma única história são elementos imprescindíveis para uma leitura prazerosa. Quanto aos elementos de edição a editora fez um trabalho muito bom, não encontrei erros de revisão e a diagramação é bem feita, a capa apesar de não chegar ao dedo mindinho da de Simplesmente Ana está coesa com a história. Por fim, Azul da cor do mar é um livro leve, para passar o tempo e dar boas gargalhas e leves suspiros.
Melhores Quotes:
"Senti o sangue ferver - na verdade, borbulhar - dentro das veias. Agora mais essa. Cria de Satanás era um elogio para Bernardo. Ele era o próprio Satã, camuflado com uma linda pele de cordeiro."
"Para mim, aquele trabalho foi uma lição de vida. É engraçado como nos acostumamos com determinadas situações a ponto de parar de refletir sobre elas. Na nossa concepção – pré-concebida a partir de estereótipos definidos pela sociedade -, bandido é bandido, mochinho é mocinho. Bem assim, separados, em lados opostos. Mas a linha divisória entre os dois mundos é tênue, permitindo muitas outras classificações. Portanto, casa vez mais entendo que o papel do jornalista extrapola a transmissão de notícias. Temos o dever de mostrar a realidade do jeito que ela é, sem subterfúgios."
"Foi durante aquele abraço que minha ficha caiu. Na verdade, parecia que uma tela de proteção bem opaca havia sido retirada abruptamente dos meus olhos. Até que eu tinha resistido bastante a me permitir enxergar. Contudo, naquele momento, eu soube: estava apaixonada."
Hahahaha, to rindo aqui porque a Rafa e fa da Paula Fernandes... ai, Ju, acho a Paula tao fofaaaa... Vai ver a protagonista faz isso tb pra irritar, rsrs.
ResponderExcluirTenho Simplesmente Ana e muita curiosidade pra ler. Quando saiu este Azul, me apaixonei pela capa e li resenhas falando bem do livro e da autora. E claro que quero ler. Suas observaçoes foram otimas, pq sou um tantinho chata pra implicar com personagens sem empatia (pelo menos inicial). Mas os livros tem sempre a chance de dar uma virada e me fazer mudar de ideia quando a coisa nao começou bem. o final das contas dando certo eu ate indico!
Beijo!
Nova resenha:
As Meninas que Leem Livros
Fiquei muito curiosa com esse livro por ser chick-lit e divertido.
ResponderExcluirAcho que a leitura foi meio arrastada por que o chick-lit mostra o cotidiano dos protagonistas e pode ser que ficou chato pra você.
Ótima resenha! Abrçs.